1. Tenho ouvido o Presidente do Governo afirmar que não quer colocar os açorianos e os faialenses a pagarem, com os seus impostos, a ampliação da pista do aeroporto da Horta. Eu sou açoriano e faialense, também pago impostos e quero dizer a Vasco Cordeiro que, se pudesse escolher, não me importaria que os meus impostos contribuíssem para concretizar este investimento estratégico para o desenvolvimento da minha Terra. Acho mesmo que a generalidade dos faialenses também terá o mesmo entendimento.
Aliás, utilizando o mesmo tipo de argumentação que está subjacente à afirmação do Presidente do Governo, devo dizer que prefiro ajudar a financiar a ampliação da pista do aeroporto da Horta do que pagar, a preço de ouro e durante cerca de 30 anos, as SCUTs em S. Miguel, que muitos faialenses nunca utilizarão. Só este ano pagaremos mais de 30 milhões, o que quer dizer que o valor da renda das SCUTs de apenas dois anos daria para ampliar a nossa pista e ainda restava para concretizar a segunda fase da variante.
Prefiro igualmente que o dinheiro dos meus impostos sirva para apoiar a ampliação da nossa pista do que financiar a construção da casa da autonomia em São Miguel, para satisfazer os caprichos da família do chefe socialista, quando a verdadeira Casa da Autonomia é a Assembleia Legislativa, sediada na Horta.
Os exemplos podiam continuar, pois são muitos. Porém, julgo que estes são suficientes para que percebam a minha indignação quando ouço o Presidente da Governo utilizar aquele tipo de argumentação, procurando colocar ilhas contra ilhas e esquecendo a solidariedade que, obrigatoriamente, deve orientar o nosso desenvolvimento. Se o uso deste tipo de argumentação por qualquer cidadão destas ilhas deve ser evitado, em relação ao Presidente do Governo isso é absolutamente condenável e inaceitável.
2. Existem outros dois argumentos utilizados por Vasco Cordeiro, e replicados pelos camaradas faialenses, que importa combater. Diz Vasco Cordeiro que não quer que os açorianos e os faialenses paguem por uma omissão do anterior Governo da República do PSD/CDS. Ora se Vasco Cordeiro não quer pagar as omissões dos governos do PSD, que de facto também aconteceram, não o precisa fazer. Basta que pague as omissões dos governos dos seus camaradas, de lá e de cá, ou que cumpra as promessas dos governos regionais de que fez parte. Por exemplo, em 2009 e 2010, Vasco Cordeiro como Secretário da Economia inscreveu no Plano da Região, aprovado na Assembleia, verbas para a elaboração do projeto de ampliação da nossa pista. Porque é que Vasco Cordeiro não paga agora essa sua omissão?
3. Outro argumento agora utilizado é que o aeroporto da Horta é privado e, logo, os governos não podem apoiar investimentos nesta infraestrutura. Em primeiro lugar, o aeroporto está apenas concessionado por um determinado período. Independentemente disso, o que não sabia é que o Governo da Região não apoiava investimentos privados!
Atente-se ao que se passa em relação ao aeroporto de Lisboa também concessionado à mesma empresa que o da Horta. O Governo da República identificou um conjunto de investimentos necessários e de forma proativa está a dialogar e a negociar com a empresa para avaliar a melhor forma de os concretizar. Apenas queremos a mesma atitude e a mesma vontade política em relação ao aeroporto da Horta. E é aqui que reside o nosso principal problema: o Governo Regional, servindo outros interesses, não quer concretizar este investimento.
4. Mas se condeno este comportamento do Governo Regional, falta-me os termos suficientemente fortes para classificar a atitude do Presidente da Câmara da Horta na entrega do estudo feito pelo Grupo de Trabalho ao Presidente do Governo. O Presidente da Câmara foi a Ponta Delgada dizer a Vasco Cordeiro que concorda que a Região não deve participar neste investimento. Nem queria acreditar! E então pergunto: o que foi lá fazer? Gastar o dinheiro dos nossos impostos em viagens quando podia fazer essa entrega na Horta? Prestar vassalagem ao seu chefe partidário? Se não é para a Região ser parceira no financiamento deste investimento para que precisa entregar o estudo ao Governo?
Faltou coragem e firmeza ao Presidente da Câmara para contrariar o Presidente do Governo. Infelizmente, em vez de defender de forma frontal os interesses do Faial, preferiu, mais uma vez, obedecer e colocar-se ao lado do chefe partidário. Estamos todos no Faial cheios e cansados deste servilismo partidário, com o qual é preciso romper. Para isto é que o dinheiro dos nossos impostos não deve servir!