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1. O ano de 2014 está a terminar. Foi um ano difícil para muitos açorianos. A taxa de desemprego na Região é o mais objetivo e trágico testemunho disso. Este drama bateu à porta de muitas famílias com todas as consequências que daí advêm.

A pobreza aumentou a olhos vistos e as nossas instituições que prestam apoio social não tiveram mãos a medir. Aqui presto a minha homenagem a todas essas instituições que com a sua ação foram capazes de mitigar muitas das necessidades dos açorianos. Estou esperançado que 2015 traga alguma melhoria económica que permita a criação de algum emprego.

Esta dura realidade marcou indelevelmente a vida de muitos açorianos e de muitas empresas e o meu principal desejo neste domínio é que 2015 seja diferente.

2. Outra marca indelével de 2014 é a austeridade irracional aplicada pelo Governo Regional e pelo PS no Serviço Regional de Saúde (SRS).

Com a desculpa de melhorar o acesso dos açorianos à saúde e de conseguir a sua sustentabilidade financeira, o Governo Regional e o PS colocaram em prática a designada reestruturação do SRS que mais não foi do que aplicar-lhe uma severa e cega austeridade. Os cortes impostos são de tal ordem que, para a maioria dos açorianos, a saúde ficou mais cara e menos acessível. Andámos décadas para trás no SRS e isso é imperdoável.

Nesta cruzada, o Faial não é exceção. Por ação de agentes locais e por problemas estruturais há muito diagnosticados e denunciados, essa austeridade cega é reforçada, comprometendo inclusivamente o futuro do nosso Hospital.
Neste assunto parece-me que 2015 tem de ser marcado por um recuo nesta austeridade pois ela está a prejudicar muitos açorianos.

É sempre possível corrigir num sistema desta complexidade muitos aspetos. E se havia algo a corrigir que se corrija. Se existiam abusos que se acabem com eles e se punam os prevaricadores. Mas para isso não é preciso destruir o SRS.

3. As novas obrigações de serviço público no transporte aéreo entre os Açores e o Continente mereceram destaque em 2014 mas marcarão seguramente 2015 e os anos seguintes.

Ao contrário de muitos, não tenho feito festa antecipada à volta deste assunto, preferindo esperar para ver. Não deixo de reconhecer aspetos positivos neste novo modelo, desde logo a diminuição do preço das passagens, mas existem ainda muitas dúvidas por esclarecer e muitos aspetos que necessitam de ser salvaguardados. Não tenho dúvidas que com este novo modelo as companhias “low cost” irão trazer mais pessoas para S. Miguel.

Mas a minha principal dúvida reside na política de reencaminhamentos de eventuais interessados para as outras ilhas. E esse aspeto é para mim fulcral e devia há muito estar esclarecido. Quem vende e quem organiza viagens precisa de saber como isso se vai processar.

Depois, há uma segunda questão que importa ter presente e que está relacionada com as consequências deste modelo na viabilidade das outras gateways dos Açores. Espero que este modelo não tenha sido construído para satisfazer as pretensões antigas de alguns que defendem que, para sair e entrar nos Açores, só deve existir um centro recetor e distribuidor. Se esse é o objetivo, discordo.

Há ainda uma terceira questão que é, no meu entendimento, complementar a este novo modelo e que não pode demorar muito, a revisão das obrigações de serviço público no transporte aéreo inter-ilhas, melhorando-se a qualidade e frequência das ligações entre toda as ilhas e reduzindo-se significativamente o seu preço.

Finalmente, uma quarta questão relacionada com tudo isto: o papel da SATA e a sua capacidade para resistir à concorrência e manter a qualidade do serviço público aos açorianos de todas as ilhas.

Todas estas dúvidas não aconselham grandes festas antecipadas, nem trocas de críticas entre governos e partidos, mas sim trabalho na construção de um modelo que concorra para a efetiva melhoria da mobilidade de todos os Açorianos, dinamizando-se a nossa economia e contribuindo para o desenvolvimento harmonioso de todas as ilhas. E é este o enorme desafio: construir um modelo justo e que trate todos os açorianos por igual.

Tenho fundados receios sobre a intenção e a capacidade desta geração que governa a Região para responder a este enorme e novo desafio da nossa Autonomia. Por isso, aguardo para ver!

Para todos desejo um bom ano de 2015.