Presidente Alberto Romão Madruga da Costa – Opinião de António Marinho

Quero deixar nesta página uma homenagem sentida a um dos grandes vultos dos Açores dos últimos quarenta anos. Um tributo, inteiramente merecido, a uma das grandes figuras da Autonomia Açoriana.

A passada sexta-feira começou com uma notícia que muito me entristeceu. O Senhor Alberto Romão Madruga da Costa falecera nessa madrugada.

E, de repente, comecei a lembrar-me dos momentos em que com ele tive a felicidade de privar.

Ouvindo-o falar apaixonadamente sobre os Açores. Beneficiando dos seus testemunhos calorosos e esclarecedores sobre momentos importantes ocorridos no decurso do processo autonómico. Através do relato de factos, alguns mais, e outros menos conhecidos, em que participou no exercício da vasta e intensa atividade política que desenvolveu ao longo da sua vida.

Momentos em que tive o privilégio de partilhar a sua experiência e em que me foi permitido ter maior consciência das dificuldades, mas também das muitas conquistas, que rechearam os primeiros anos da Autonomia. Que fizeram parte da sua passagem pelo Governo Regional enquanto membro do governo, da sua qualidade de deputado, ou de dirigente e militante do PSD/Açores.

Assim como outros testemunhos extremamente importantes para a compreensão do fenómeno político com sabor açoriano. Designadamente aqueles que protagonizou na qualidade de primeira figura da Região, nas alturas em que assumiu a Presidência do Parlamento dos Açores, o que aconteceu por mais de uma vez.

Ou ainda outros recolhidos no exercício do cargo de Presidente do Governo Regional.

E, a esse propósito, lembrei-me de uma vez ter feito lembrar a uma pessoa menos atenta que connosco conversava, o que se devia apenas a ser muito mais nova do que todos os presentes, a singularidade que existia na sua atividade política. Era o único político açoriano que desempenhou os dois cargos maiores da Autonomia: o de Presidente da Assembleia Legislativa e o de Presidente do Governo Regional.

Sendo um verdadeiro e nato conversador, não se pense, contudo, que o Senhor Alberto Romão vivia apenas das suas memórias. Muito pelo contrário.

Na grande maioria das vezes, ou provavelmente sempre, a evocação dos acontecimentos ocorridos no passado da Autonomia era feita apenas para enriquecimento das conversas sobre a Autonomia do presente e do futuro.

E recordo, já com saudade, o seu entusiasmo com a análise, informal, da situação política. Da presente, claro está. Sempre atento ao que estava ocorrendo. Procurando em permanência a informação necessária à formulação de ideias e à posse de uma opinião. Opinião que era transversalmente respeitada. Que se distinguia pela elevada credibilidade. Que era pensada e trabalhada. Que se juntava a uma argúcia crítica notável.

Ainda o estou a ouvir, na forma como habitualmente iniciava uma conversa: “Vou-te dizer uma coisa”. E seguia por aí adiante, com a vivacidade do costume!

Vai fazer muita falta. À Família, desde logo. Naturalmente, também aos seus amigos.

É uma falta que assume uma enorme transcendência. Por tudo aquilo que os Açores lhe devem.

Até qualquer dia, Senhor Alberto Romão!