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O deputado do PSD/Açores Joaquim Machado resumiu a história da “catástrofe de 31 de outubro de 1997 que ceifou a vida a cerca de três dezenas de habitantes da Ribeira Quente em quatro palavras: promessas, disfarces, mentiras e descaramento”.

O parlamentar social-democrata interveio no debate sobre a recomendação ao Governo Regional à realização de um estudo para a construção de uma estrada alternativa de acesso à Ribeira Quente proposta pelo Chega, na Assembleia Legislativa Regional, na Horta.

Para Joaquim Machado, “o trágico acidente de 1997 abriu portas para um investimento grande, estrutural, determinante, para alterar até a configuração da freguesia, nomeadamente com a sua reconstrução da via litoral”.

De acordo com o deputado, “às obras de recuperação realizadas na altura, procedeu-se ao desbaste dos taludes da praia que melhoraram significativamente a segurança naquela zona balnear durante o verão”.

A partir daqui “a sua história escreve-se em várias partes”, indicou, a “começar pela promessa da construção de uma estrada alternativa prometida aos ribeira-quentenses”.

Volvidos quatro anos, prosseguiu Joaquim Machado, “o PS passa ao disfarce com o deputado João Ponte a afirmar que só faz sentido falar numa via alternativa para situações de emergência, dado que o acesso à freguesia por automóvel não estava saturado”.

Na mesma ocasião, “o mesmo deputado dizia que é preciso não esquecer que vão existir duas vias alternativas à Ribeira Quente: uma por mar que é o porto, e outra por ar com o heliporto”, apontou o deputado do PSD/Açores.

A partir daí, “vamos às mentiras, passados 10 anos sobre a catástrofe, com o ex-presidente socialista Carlos César a assumir, como compromisso pessoal que, até ao fim de 2007, seria lançada a empreitada a construção de um caminho florestal entre a Povoação e a Ribeira Quente”.

Nesse mesmo ano, descreveu Joaquim Machado, “numa cerimónia invocando os 10 anos da catástrofe, o então secretário regional da Habitação e Equipamentos, o deputado socialista José Contente, afirmou que o projeto estava a ser maturado ao longo do tempo. Já tinha 10 anos de maturação”, ironizou.

“A solução do seu traçado estaria pendente entre duas hipóteses: acesso alternativo pela zona dos Tambores, ou do lado do Agrião, nos últimos 800 metros. Sendo esta última, segundo os projetistas, aquela que seria a mais adequada para finalizar o primeiro traçado, que já está traçado, e tem vindo a ser trabalhado”, realçou o deputado, aludindo às declarações do socialista José Contente.

“Quatro anos depois, em 2012, no boletim de Junta da Ribeira Quente, o então presidente do Governo socialista, Carlos César, salientou numa visita à freguesia, que aguardava uma opção técnica e exequível, e disponibilidade financeira para o investimento”, contou o parlamentar social-democrata.

“Em 2015, passados 18 anos sobre o fatídico dia 31 de outubro de 1997, na apreciação de uma petição entregue a este parlamento, por um residente da Ribeira Quente acompanhado de uma subscrição de mais de 1000 cidadãos, a ideia da construção de um acesso alternativo foi abandonada”, adiantou.

Um desfecho que surgiu “após diálogo entre o Governo Regional e a Câmara Municipal da Povoação, tendo-se concluído que qualquer solução alternativa à atual via, não garantia mais segurança”.

Na mesma petição, “o senhor presidente da Câmara Municipal da Povoação, Carlos Ávila, dizia que toda esta reflexão resultava de um íntimo diálogo entre Governo Regional e Câmara Municipal. Portanto, todos de acordo que todas as soluções estudadas foram abandonadas por se revelarem tecnicamente inviáveis”.

“Resultado: de 1997 a 2020, o tempo não foi suficiente para que se fizesse a estrada alternativa e as intervenções realizadas na estrada existentes foram muito pouco significativas”, destacou.

Por fim, o descaramento. “No dia 7 de junho, o presidente da Junta de Freguesia da Ribeira Quente insiste na necessidade de um acesso alternativo à freguesia, afirmando que o mesmo é reivindicado há muitos anos por aquela Junta de Freguesia”.

Dois dias depois, relata Joaquim Machado, é emitido “um comunicado do Partido Socialista, a considerar fundamental estudar soluções técnicas”. Mas passados apenas cinco dias, Vasco Cordeiro afirma que “a solução para ali, é prolongar a solução técnica que está já em execução. É isso que é urgente”.

“As contradições e a confusão não podiam ser maiores. Depois das promessas, das mentiras e da inconstância de posições, o que importa agora é pensar no futuro, garantir a continuidade dos trabalhos de segurança na estrada de acesso à Ribeira Quente e promover um estudo sério e competente, sobre uma possível alternativa àquela via. Isso é o que o Governo Regional da Coligação PSD/CDS/PPM vai levar por diante, para bem da população da Ribeira Quente”, concluiu.