A situação da pandemia da COVID -19, que todos temos vivido, em período já tão longo e difícil, não pode, no entanto, permitir, pelo cansaço e isolamento político, a quebra de confiança nas decisões nem erros graves de comunicação, que lançam a confusão.
Hoje, dia 8 de maio, não é possível deixar adiar duas palavras de solidariedade.
A primeira palavra solidária para com as famílias das pessoas falecidas com a COVID.
A sua dor pela perda e pela confusão a que têm sido sujeitos, quanto ao apoio social que merecem, tendo em conta as contradições a que foram submetidos, em particular no caso do lar de idosos do Nordeste.
A segunda palavra solidária para com os médicos e restantes profissionais de saúde e de assistência social.
Não é justo que seja posta em causa, por graves falhas de comunicação do diretor regional da saúde, a sua dedicação e competência profissional, numa altura em que são os verdadeiros soldados da linha da frente.
A comunicação, ontem, revela esgotamento, com o resvalar para uma certa desumanidade e deslealdade, mesmo que não intencionais.
Desumana para com as famílias das vítimas, pois podem ter ficado com a ideia de que nem tudo teria sido feito para melhor cuidar e salvar os seus idosos.
Desleal para com os profissionais de saúde, que cumprem com ética o seu dever deontológico e o protocolo a que estão submetidos.
Urge, garantir um plano de comunicação diária, que para além de relatar acontecimentos, dê informação e orientação geral e específica sobre o que fazer e o que não fazer.
Orientações sobre o que é obrigatório e sobre o que é permitido fazer.
Informações sobre os meios públicos disponíveis de proteção geral e individual e os de responsabilidade privada e pessoal.
Estivemos e estamos todos de acordo com um progressivo percurso para a nova normalidade.
Há escolas que já vão iniciar, a partir de segunda feira, aulas presenciais, e precisam de informação e orientação clara e objetiva sobre o que devem e o que podem fazer, e saber que meios de responsabilidade pública têm ao seu dispor, para acautelar a saúde pública, da respetiva comunidade educativa.
Algumas atividades económicas, mesmo que de forma parcial e progressiva, estão a adaptar-se à nova normalidade.
Empresários, trabalhadores e clientes precisam de saber como agir em cada situação, com clareza e objetividade.
Um plano de comunicação informativa e formativa já devia estar em diária divulgação.
O nosso entendimento é o de que está na hora de reformular essa comunicação diária assumida em exclusivo pela autoridade de saúde pública regional e ser partilhada com a responsabilidade política do governo, como aliás acontece a nível nacional.
E pontualmente acompanhar-se dos responsáveis diretos de cada serviço sob análise.
As exigências têm sido muitas, mas serão ainda maiores no próximo futuro, para que tudo corra melhor e corra bem para todos.
É o nosso desejo coletivo e a nossa responsabilidade pública e pessoal.
Ponta Delgada, 8 de maio de 2020.
O Presidente do PSD/Açores
José Manuel Bolieiro