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O debate no Parlamento Regional que antecedeu a votação do Plano e Orçamento da Região para o próximo foi esclarecedor. Por um lado, confirmou que o Governo está arrogantemente orgulhoso do seu trajeto na governação dos Açores. Por outro lado, o debate clarificou ainda mais que a longa governação socialista continua fiel ao seu princípio de diferenciar pela negativa cada uma das nossas ilhas, usando e abusando da velha e perigosa lógica do dividir para reinar.

Os planos do Governo para a ilha do Pico são disso prova. Os documentos aprovados pelo Partido Socialista, que tem a maioria absoluta e que perdeu o sentido crítico, a ambição própria de quem não se conforma com o que ainda falta fazer, é um ponto de interrogação. Neste momento, paira sobre a ilha do Pico um confrangedor ponto de interrogação que, apesar de tudo, traduz uma certeza. Em 2020, o Governo volta a ignorar os investimentos fundamentais para o Pico e volta a fazer tábua rasa das potencialidades do Pico.

De ano para ano, à medida que a iniciativa privada do Pico vai fazendo seu o trabalho para aumentar e melhor a oferta para os locais e para que nos visita, o Governo responde com ligações aéreas a menos, com lugares disponíveis a menos, com bloqueios a mais, com cancelamentos e com problemas operacionais a mais.

Segue-se os pedidos de desculpa, como os de uma criança que não está arrependida da pequeníssima maldade que fez, mas sabe que só consegue ganhar crédito para fazer a outra, se pedir desculpa. Seguem-se as garantias de que nos anos seguintes os problemas de mobilidade e de acessibilidade de e para o Pico não voltarão a atrapalhar a afirmação de uma ilha que merece cada vez mais procurada pelos turistas e que tem uma capacidade hoteleira instalada.

O PSD/Açores, que face aos incumprimentos do Governo não só responsabiliza quem falha como propõe alternativas, levantou questões para as quais o Governo respondeu ora com o seu silêncio, ora com a sua retórica de negação. A SATA terá ou não pilotos suficientes em 2020? A SATA terá ou não aviões suficientes em 2020 para o número de ligações previstas? O Governo não se pronunciou e os picarotos entenderam a mensagem…

No Pico de hoje, como ao longo dos séculos, não exigimos que o Governo faça mais do que é o seu dever. Como o dever de implementar medidas de natureza excecional num momento excecional como foi o encerramento da fábrica da Cofaco que deixou mais de uma centena e meia de trabalhadores no desemprego. Lembro que o PSD/Açores defendeu propostas e ações concretas para fazer face à perda dos 160 postos de trabalho. O Governo e o Partido Socialista recusaram a sua implementação com o argumento de que esta mão de obra seria absorvida pelo Turismo. Mas estará mesmo o setor privado da ilha disponível para acolher esses trabalhadores quando o Governo falha ao na garantir acessibilidades e mobilidade?

No que respeita aos investimentos, a interrogação é a mesma. As obras do Porto Comercial do Pico, em São Roque, foram prometidas em 2012 por Vasco Cordeiro. O anúncio dessa obra foi útil do ponto de vista eleitoral para a máquina socialista. Criou e alimentou a perceção juntos dos picarotos de que tinha chegado o momento de, finalmente, a comunidade ver atendida uma ambição justa e essencial. Entramos na reta final da segunda legislatura de Vasco Cordeiro — sim, oito anos! — e as obras, incluindo a construção do Terminal de Passageiros, que foi anunciada em abril deste ano e cujas obras começariam então no imediato mas que agora só deverão avançar no próximo ano, ainda não passaram do papel. Tem dado jeito ao Partido Socialista aqui no Pico acenar permanentemente com essas obras que o próprio Partido Socialista não quer executar.

Também a ampliação do Aeroporto do Pico tem servido a retórica socialista para tentar ludibriar os picarotos. O Governo regional ainda não foi claro se tem ou não salvaguardados fundos comunitários para a obra de ampliação do aeroporto do Pico e se negociou ou não com o Governo da República a reprogramação de fundos para infraestruturas aeroportuárias e estradas. O Governo deve essa explicação aos açorianos e aos picarotos em particular, mas a verdade é que, também sobre esta matéria, ficamos sem resposta no Parlamento.

Certo é que os açorianos serão chamados a avaliar a longa governação socialista nos Açores. É o exercício maior da Democracia. Não vamos estranhar que lá para o verão surjam repetições de anúncios já anunciados vezes sem conta pelo Partido Socialista. Mas a população do Pico tem memória e irá com toda a certeza exigir que o Governo fale claro sobre como espera ver o Pico em 2024. O PSD/Açores no Pico tem feito o seu caminho, ao lado da população, dos empresários, da sociedade civil, na construção de uma alternativa de governação que puxe pelas potencialidades e que não reforce as fragilidades.