Porque é urgente construir a segunda fase da Variante – Opinião de Luís Garcia

1. Passou quase despercebido um anúncio feito pelo Governo na recente visita que fez ao Faial a respeito da construção da segunda fase da Variante à cidade da Horta. Na reunião com o Conselho de Ilha, Vasco Cordeiro disse que estava disponível para avançar com esta obra se no próximo quadro de fundos comunitários (após 2021) houvesse apoios para este tipo de investimento. Ora este anúncio não pode passar despercebido e merece ser denunciado por várias razões. Em primeiro lugar, porque ele constitui mais um adiamento de um investimento importante que nos é prometido desde 1996. Em segundo lugar, porque estrategicamente o que Vasco Cordeiro e o PS pretendem é retirar mais este assunto da ribalta do período eleitoral que se avizinha.

A estratégia eleitoral parece ser a de ir paulatinamente esvaziando as justas e antigas reivindicações desta Terra, empurrando-as para a frente e fugindo aos compromissos assumidos. Fizeram-no com a ampliação da pista do aeroporto remetendo-a para um Plano Nacional de Investimentos 2030 e agora querem fazer algo semelhante com a Variante prometendo-a para depois de 2021, e deixando-a dependente de um quadro de financiamento que ainda se desconhece.

Não, não e não! Basta de adiar projetos essenciais para esta Terra e de hipotecar o nosso futuro.

2. O desenvolvimento do Faial foi pensado e projetado contando com uma Variante completa e não com uma meia Variante. Daí que a decisão do Governo de ora cancelar ora adiar a construção da sua 2ª fase é inaceitável e compromete o que está planeado, dadas as óbvias implicações que tem noutros investimentos, tais como, a requalificação da Frente Mar da Horta, a construção do novo Quartel dos Bombeiros e o reordenamento do trânsito na cidade.

Um dos objetivos subjacentes à requalificação da frente mar – o de retirar trânsito, especialmente o pesado, do centro da cidade – só será plenamente cumprido se for criada uma alternativa para esse trânsito.

Da mesma forma não faz qualquer sentido retirar o Quartel dos Bombeiros do centro da cidade e depois não se criar, através da Variante, uma ligação ao norte da ilha, obrigando as viaturas em caso de urgência a terem de passar pelo centro da cidade.

Atualmente a falta da 2ª fase da Variante já é bem sentida, em determinadas horas, numa das principais entradas e saídas da cidade da Horta, nomeadamente junto do Hospital, com a enorme confluência de trânsito, que tenderá a aumentar com a construção da Unidade de Saúde do Faial naquela zona.

Portanto, todos estes investimentos são absolutamente complementares e estão interligados e com alguns deles em curso, pensamos que fica bem demonstrada a necessidade e a urgência em se avançar, no imediato, com a construção da segunda fase da Variante e não, mais uma vez, adiá-la.

3. A razão ultimamente invocada pelo Governo para não completar a Variante – de que o atual quadro de financiamento plurianual (2014-2020) não contempla verbas para estradas – é uma desculpa que não pode ser aceite. Desde logo, porque estamos a exigir o cumprimento de uma promessa de 1996, ou seja, o Governo podia e devia ter concretizado este investimento muito antes do atual quadro de apoios.

A outra desculpa de que não fez porque os faialenses não quiseram também não é verdadeira. Recorde-se que se é verdade que alguns faialenses, sobretudo moradores, manifestaram a sua discordância com os traçados propostos para esta estrada, é igualmente verdade que um número bem superior (2600) exigiu em petição que a 2ª fase da variante avançasse logo a seguir ao términus da primeira.

Independentemente das desculpas e das opções que nos deixaram para trás ao nível das estradas, não quero acreditar que um Governo que se gaba de ter as melhores finanças públicas do mundo, não tenha capacidade, mesmo sem fundos comunitários, de avançar com a construção desta pequena estrada, com menos de dois quilómetros, cujo projeto já está pronto, e que é essencial para o nosso desenvolvimento. A conclusão é simples: o governo não fez a 2ª fase da Variante porque não quis e não a faz porque não quer.

Só não vê quem não quer!