A deputada do PSD/Açores, Catarina Chamacame Furtado, fez entrar na Assembleia Legislativa um requerimento com um conjunto de questões relacionadas com as falhas no abastecimento de água aos visitantes do Monumento Natural da Caldeira Velha, na Ribeira Grande.
“Têm vindo a público, há já algum tempo, reclamações e manifestações de insatisfação dos visitantes relacionadas com o abastecimento de água para utilização nos balneários e nas instalações sanitárias”, explica a social democrata, avançando que “a capacidade dos reservatórios se revela insuficiente face às reais necessidades do local”.
“São vários os casos, sobretudo a partir das 15 horas, em que os visitantes, apesar de pagar o bilhete de visitação completa de 8 euros, que inclui visita e banhos, se veem impossibilitados de tomar banho nos balneários ou de utilizar as instalações sanitárias por falta de água para o efeito”, sublinha.
Para Catarina Chamacame Furtado, a situação denota “uma falha no dimensionamento dos reservatórios de água, situação que se reveste de maior gravidade atendendo a que, neste verão em particular, a precipitação até tem estado acima do normal”.
A deputada acrescenta que também foi possível apurar “que os Bombeiros Voluntários da Ribeira Grande têm diligenciados vários serviços de abastecimento de água para colmatar as necessidades, pese embora não sejam, ainda assim, suficientes, já que as denúncias associadas à falta de água persistem e sucedem-se”.
Esse facto tem originado “a degradação da qualidade da visitação, em virtude do aumento do número de visitantes” e a necessidade de “medidas estruturais e alterações no modelo de gestão e visitação, bem como no controlo da qualidade dos recursos naturais daquela área protegida”, que foram invocadas pela Secretaria Regional da Energia, Ambiente e Turismo “para a denúncia do protocolo de gestão do Centro de Interpretação Ambiental da Caldeira Velha, com o Município da Ribeira Grande. Elas persistem e não estão, de todo, dirimidas”, refere Catarina Chamacame Furtado.
Em fevereiro de 2018 o Monumento Natural da Caldeira Velha, reabriu ao público “com um novo modelo de gestão implementado pela Sociedade de Gestão Ambiental e Conservação da Natureza – AZORINA”, depois de concluídas várias obras de beneficiação.
A deputada do PSD/Açores lembra que aquele “é um dos locais mais procurados na ilha de São Miguel por visitantes que pretendem, sobretudo, usufruir das suas famosas águas férreas quentes, num cenário edílico que os presenteia com uma natureza exuberante, envolvida por cascatas e canais de água quente”, refere.
A Caldeira Velha sofreu obras de beneficiação em 2018, que custaram cerca de 150 mil euros, e incluíram a remoção de várias espécies invasoras e árvores de grande porte em zonas de risco, a plantação de mais de 3000 plantas endémicas, a limpeza e impermeabilização dos fundos dos tanques, a construção de uma nova zona de banhos, bem como o aumento do número de vestiários, de 3 para 10, e a instalação de 90 cacifos para promover maior conforto aos visitantes.
“Está agora limitada a permanência a 250 pessoas em simultâneo no local, com um limite máximo de duas horas de visitação, tendo havido uma atualização de preços dos bilhetes”, refere a deputada.
“A gestão da Caldeira Velha melhorou os resultados da empresa, tendo os resultados líquidos negativos de 2016 (318 mil euros) e de 2017 (451 mil euros) sido invertidos em 2018, com 94 mil euros positivos. A gestão do seu Centro de Interpretação Ambiental rendeu, só em 2018, 1 milhão de euros de receitas brutas, o que justificou a melhoria nos resultados da empresa”, acrescenta.
No requerimento enviado à ALRAA, Catarina Chamacame Furtado solicitou “uma indicação da capacidade dos reservatórios de água da Caldeira Velha”, querendo saber se a mesma foi alterada “com as obras de beneficiação que ocorreram em 2018”.
O documento questiona “os consumos de água mensais da Caldeira Velha, em 2018 e 2019, e a estimativa das reais necessidades de água daquele espaço”.
“Pedimos ainda a indicação do número de dias em 2019, em que ocorreram falhas no abastecimento de água, assim como a descriminação de todos os serviços de abastecimento de água efetuados pelos Bombeiros Voluntários da Ribeira Grande à Caldeira Velha, com indicação de datas, volume de água transportado e custos associados”, explica a social democrata.
A deputada do PSD/Açores quer igualmente informações sobre o parecer prévio do serviço com competência em matéria de ambiente, já que “algumas das obras de beneficiação ocorridas em 2018 podem ter afetado de forma significativa a biodiversidade do local, podendo favorecer a introdução de espécies exóticas, ou causar o escoamento superficial, que alteraria a qualidade das águas superficiais ou subterrâneas”, conclui.
Integrada no Parque Natural da Ilha de São Miguel, o Monumento Natural da Caldeira Velha foi classificado em 2004, tendo o seu Centro de Interpretação sido inaugurado em 2013, enquanto estrutura vocacionada para a promoção do património natural e apoio aos visitantes da área protegida.