Bluff – Opinião de João Bruto da Costa

Entre a vida coletiva portuguesa e a vida coletiva de “Alice no País das Maravilhas “ não haveria diferença substancial.

Entre o realismo de Ricardo Araújo Pereira e o humor de Mário Centeno apenas se descortina o faz de conta difundido à saciedade, como se ninguém soubesse que o que diz o faz pelos motivos contrários ao que quer transmitir.

Apesar de todos saberem que a guerrilha entre Bloco de Esquerda e PS é teatro de dissimulada intenção, todos embarcam numa divergência a fingir, destinada a arranjar para um os votos à esquerda e para outro os votos ao centro.

Faz de conta que ninguém dá conta, mas todos o sabem e proclamam no comentário em modo cartilha, dando corpo à encenação que urdem mesmo na ignorância dos propósitos.

Nunca se sabe, é isto que querem que diga, difunda e promova, alinhando em passo certo com o declínio que depois, em alguns espasmos de silly season, lá se confessam pesarosos, preocupados com as consequências.

A política portuguesa e a sua vida coletiva tornaram-se a sua própria caricatura.

Um bluff!