O grupo parlamentar do PSD/Açores acusa o secretário regional da Agricultura, João Ponte, de desautorizar a Federação Agrícola dos Açores ao negar os dados deste organismo sobre a falência técnica das explorações leiteiras nos Açores, atribuindo-os ao PSD/Açores, para esconder os insucessos da Política Agrícola Regional.
Segundo António Almeida, o secretário regional da Agricultura “faltou à verdade” quando, no decorrer do debate sobre a “União Europeia no Pós 2020”, no parlamento, afirmou que não é verdade que cerca de 60% das explorações leiteiras estejam em situação de falência técnica, como garantiu o presidente da Federação Agrícola dos Açores, Jorge Rita.
“Por vezes, uma pequena mentirinha esconde uma grande verdade. O senhor secretário regional da Agricultura negou os dados da Federação Agrícola dos Açores, atribuindo-os ao PSD/Açores e desautorizando este organismo para, assim, esconder os insucessos da Política Agrícola Regional”, afirmou o deputado do PSD/Açores à margem do debate.
O parlamentar recusa, por isso, as acusações de João Ponte, reiteradas em nota do Gabinete de Apoio à Comunicação Social, onde se lê que o PSD/Açores, ao lembrar os dados da Federação Agrícola dos Açores, avançados pelo seu presidente a 30 de março de 2016, proferiu declarações “irresponsáveis” e que “colocam em causa a credibilidade do setor”.
O deputado questiona ainda a “honestidade política” do secretário regional da Agricultura que procurou transformar as responsabilidades atribuídas pelo PSD/Açores ao executivo regional pelo estado do setor agrícola, com uma alegada responsabilização dos agricultores.
“O que está em causa, após muitos milhões de euros atribuídos pelo União Europeia, através de diversos Quadros Comunitários de Apoio, é a forma como delapidamos a nossa indústria transformadora nas fileiras da diversificação, quando sucessivos governos inscreviam medidas que nunca atingiam os objetivos determinados”, clarificou.
António Almeida reconheceu a “importância inequívoca” da União Europeia na “modernização da nossa economia, no crescimento e na qualificação das produções e dos nossos profissionais, na construção de infraestruturas, na aquisição de máquinas e equipamentos” e sublinhou também “o aumento da dependência de recursos públicos”.
“Se o investimento público e o apoio ao investimento privado não se basearem no princípio da criação de condições de sustentabilidade da economia e da criação autónoma de emprego, poderemos estar a construir uma sociedade de dependência contributiva que em algum momento pode obter o descrédito de quem financia”, reforçou.
O deputado do PSD/Açores alertou para os desafios que se colocam à Região e a Portugal no quadro de discussão do Quadro Comunitário de Apoio para o pós-2020 e do sistema de subsídios inscritos na Política Agrícola Comum, defendendo “planeamento”, em vez de “emergência”, e “responsabilidade” na defesa dos interesses da Região.
“Se quisermos participar ativamente neste debate europeu e na regulamentação das suas políticas temos de saber que economia e sociedade queremos nos Açores para as próximas décadas”, afirmou António Almeida, reiterando a “necessidade de o Governo regional envolver os destinatários finais, açorianos e empresários, no debate que já está a ser feito”.

