No dia que escrevo esta prosa não faço ideia de quaisquer resultados eleitorais.
Contudo, vou vendo por esse país a eventualidade de se elegerem cidadãos pouco recomendáveis ou reconhecidos por violarem a lei ou os deveres inerentes à gestão da coisa pública, apoderando-se dos meios ao seu dispor para deles usufruírem “sem rei nem roque”.
A mera eventualidade do povo eleger semelhantes criaturas ofende os mais básicos princípios de serviço à comunidade e faz questionar se o modelo democrático não estará esgotado.
Quero crer que não, que de entre os regimes políticos a democracia será o que melhor cumpre com o desígnio do Estado ao serviço das pessoas, mas obriga-me a a concluir que dos pilares do Estado de Direito há um que arruina o próprio regime quando não atinge os seus objectivos mais basilares.
Falo da justiça, que não pode fechar os olhos à delapidação dos meios que são de todos e que constituem um autêntico “fundo de maneio” a quem se destinou servir-se da coisa pública a seu belo prazer.
Há até quem desvalorize esta realidade, pois alguns até fazem “umas coisas”!
O eleito que está acima da lei não é melhor que o delinquente que escapa às teias da justiça.
Era bom que hoje não se festejasse a vitória daquele que “rouba mas faz”.

