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1.Há algum tempo um dirigente socialista utilizou esta expressão para, em determinado contexto, dizer que quem mandava era o Partido Socialista (PS) e para avisar que quem ousasse discordar das suas ordens sofreria as consequências.

Ora tal expressão aplica-se ao que se passa no Faial. O PS local não verbaliza tal expressão, mas utiliza-a como ordem de serviço. Ou seja: vivemos numa “democracia rosa” em que é quase proibido discordar do PS, que gere a nossa Câmara há quase 30 anos, e quem tem a coragem de discordar ou enfrentá-lo, “leva” e sofre as consequências! Os últimos dias têm sido pródigos em episódios que retratam bem essa triste realidade.

2. Neste espaço, ao longo do mandato, já apontei inúmeros atropelos por parte da maioria socialista na Câmara da Horta às regras democráticas e aos direitos dos vereadores da oposição. Contudo, quando pensava que já tinha visto tudo em relação à falta de cultura democrática deste presidente e da sua maioria, eis que surgem novos episódios que conseguem cavar mais fundo essa realidade e colocar a nu o quanto a democracia no Faial está doente.

Nas últimas semanas lemos artigos do Vice-presidente da Câmara e responsável máximo do PS local que procuram, de forma descarada, condicionar a atuação dos órgãos de comunicação social, acusando os jornais locais de serem pouco diferentes de “alguns boletins informativos ao serviço de alguns partidos” e de estarem ao serviço de “favores e negócios familiares”. Só lhe faltou a coragem para colocar preto no branco a que partidos e negócios se referia!

3. Porém, esta tentativa do presidente e da sua maioria de condicionar e coartar a liberdade da comunicação social não é de agora. Recorde-se que no decurso deste mandato estes democratas tentaram assinar um protocolo com os jornais locais que continha a seguinte cláusula:

“Sigilo – o segundo outorgante (jornal) garantirá o sigilo quanto a informações de que venha a ter conhecimento relacionadas com a atividade da Câmara Municipal da Horta”.

Os vereadores do PSD contestaram esta cláusula, típica de um regime ditatorial, por ser ilegal e constituir um atentado à liberdade de imprensa e exigiram a sua eliminação. Esta tentativa dá bem nota daquelas que são as impulsões inatas de quem está no poder na Câmara da Horta há quase 30 anos.

4. Mas há mais! Agora são os cidadãos que livremente expressam a sua opinião que são alvo da fúria da maioria socialista. É absolutamente inconcebível que um cidadão por ter uma opinião diferente do Presidente da Câmara tenha sido censurado e bloqueado o seu acesso à página de Facebook do Município. Quantos mais cidadãos já foram censurados só por pensarem de forma diferente?

A este propósito o comentário avançado pelo presidente da Câmara de que sabia que o cidadão em causa era um apoiante da candidatura adversária é de uma gravidade que só piora a situação e revela bem a dimensão da sua cultura democrática. Então um cidadão por ter uma opinião diferente e apoiar uma candidatura à Câmara que não a socialista, são motivos para que os seus comentários, se forem feitos de forma correta e educada, sejam retirados do Facebook do Município e o seu acesso bloqueado? É esta a noção de democracia do presidente da Câmara? Esta atuação devia-o fazer corar de vergonha.

Em democracia existem linhas vermelhas que não podem ser ultrapassadas, mas este presidente e esta maioria socialista estão a ultrapassá-las! Esta situação ofende a memória e a ação de muitos socialistas que lutaram pela implantação da democracia em Portugal.

Gostava de ter dito tudo isso ao Presidente da Câmara na última reunião do executivo camarário, mas o mesmo não esteve presente. Supostamente a cumprir a agenda oficial que o Vice-presidente desconhecia!

5. A ordem de serviço do PS tem agora mais um alvo: Carlos Ferreira.

O candidato à presidência da Câmara pela coligação “Acreditar no Faial” começou a incomodar, então também vai levar.

Fico, contudo, estupefacto com esta estratégia socialista! Por um lado, dizem que Carlos Ferreira é demagógico e que só propõe o que a Câmara já fez ou vai fazer; e por outro, estão tão incomodados e nervosos com a sua candidatura. Há aqui algo de contraditório nesta estratégia. É que em política e, sobretudo, nesta fase da campanha só se gasta energia em alvos necessários. Eles devem ter os dados, mas podiam disfarçar um bocadinho…