Skip to main content

O governo dos Açores demitiu a administração da unidade de saúde da ilha do Pico. Tal levou a acusações mútuas entre tutela e ex-titulares. Pelo meio surgiram expressões como “politiquice” como estando na origem da referida demissão. Foi pedida a audição em comissão parlamentar de ambas as partes, mas a maioria apenas quer ouvir o governo não permitindo o contraditório.

A câmara de comércio da Horta apresentou a sua demissão e, entre as razões apresentadas, está o “asfixiamento” de algumas associações e da própria câmara de comércio, por parte do governo regional.

Quando o poder de uma maioria absoluta impede que o contraditório revele a versão de todas as partes visadas por uma decisão exclusivamente política, ainda para mais quando existem acusações de que a “politiquice” foi determinante para o desfecho verificado. E quando uma maioria de mais de 20 anos é acusada de atuar condicionando a sociedade civil, ao ponto de se ver referenciada como estando a asfixiar associações e suas organizações, é altura de muitos dos que se dizem socialistas pensarem duas vezes sobre a qualidade da democracia que se vive nos Açores.

É que a alegada asfixia da atuação dos privados e a tentativa de impedimento de audição dos visados pelas decisões governativas não figuram, certamente, nos princípios basilares de uma democracia saudável.