1. Quando recebi a resposta a um requerimento que os deputados do PSD eleitos pelo Faial fizeram ao Governo, sobre a não realização da Feira Açores este ano no Faial, não queria acreditar. À pergunta: “que apoio financeiro vai atribuir o Governo Regional à Câmara Municipal da Horta para a realização da edição da Festa Mundo Rural de 2017”, o Governo respondeu que o apoio a este evento será dado “através do Serviço de Desenvolvimento Agrário do Faial, com meios humanos e logísticos”.
Na Câmara, na Assembleia Municipal e nos Órgãos de Comunicação Social, todos tínhamos ouvido e lido o que o Presidente da Câmara havia dito sobre isto: que o Faial ficava a ganhar com a não realização da Feira Açores este ano, porque, entre outras coisas, o Governo iria dar um apoio maior à Festa do Mundo Rural. É evidente que mantenho o que sempre disse, que uma coisa nunca poderia compensar a outra.
Quando questionado sobre o valor desse apoio, o Presidente da Câmara disse, com voz forte, em plena Assembleia Municipal, em fevereiro, que iria reunir com o Secretário para negociar esse valor.
2. Na altura alguém classificou, e bem, que o Presidente da Câmara tinha passado um cheque em branco ao Governo e agora verifica-se que afinal esse cheque veio vazio. A Festa do Mundo Rural vai ter do Governo o apoio que sempre teve e o Faial fica indubitavelmente a perder com a não realização da Feira Açores.
Mas ainda mais indignado fiquei quando alguém me relatou que confrontado com estes factos na última reunião da Assembleia Municipal, o Presidente da Câmara insistiu na sua teoria patética de ganhos para o Faial com esta situação. Em vez de humildemente reconhecer que não disse a verdade, que se enganou ou que teve um processo negocial com o governo, mas que não teve sucesso; preferiu tentar jogar com as palavras, enterrar-se ainda mais e tentar passar a ideia que não disse o que disse. Enfim… caiu-lhe a máscara!
3. Esta situação também me ajudou a perceber melhor porque razão o Presidente da Câmara e a sua maioria tiveram tanta dificuldade em aprovar um valente e veemente protesto pela forma como o presidente da SATA manipulou os números relativos à taxa de ocupação da rota Lisboa-Horta: é que para quem utiliza a mesma forma de atuar em política não pode, em coerência, condená-la nos outros.
Como disse um destacado dirigente socialista açoriano, de facto, a seriedade não é tudo em política! Pelos vistos também é assim nalguns socialistas do Faial!
4. Na reunião da Assembleia Municipal da passada sexta-feira também caiu mais uma máscara ao PS da ilha do Faial. A máscara do susto e do medo.
Fiquei absolutamente estupefacto quando soube que a bancada do PS naquela Assembleia fez uma intervenção política aparentemente com o propósito de elogiar o trabalho feito pela sua maioria na Câmara neste mandato, mas que afinal o objetivo central foi criticar o candidato do PSD à Câmara nas próximas eleições autárquicas. Ora esta intervenção constituiu um erro básico em política, mas o facto de ter sido cometido é em si mesmo muito sintomático e revelador.
Desde logo, a Assembleia Municipal é um órgão de fiscalização da ação da Câmara e de discussão dos problemas da ilha, não é, por isso, o local apropriado para aquele tipo de intervenção de pura campanha eleitoral.
Porém, aquela intervenção consubstancia um grave erro político: é reveladora da preocupação e do medo que a candidatura de Carlos Ferreira à Câmara está a provocar no seio do PS na ilha do Faial. Se assim não fosse por que razão levaria o PS este assunto para uma reunião da Assembleia Municipal? Será mesmo que os boatos que por aí correm de que a grande sondagem que mandaram fazer deu resultados assim tão maus para o PS? Serão esses resultados que assustaram e desorientaram de tal forma o PS, que o levam a cometer este erro político primário? Não sei. O que sei é que algo de muito estranho se passa naquela casa partidária.
E enquanto for dentro do partido…isso é lá com os seus militantes. Mas quando isso obriga o PS a usar instituições como a Assembleia Municipal para ser campo de campanha eleitoral e de ataque a quem lá não está e, portanto, não se pode defender…tal já não é só lamentável, como é censurável!!!

