Após as últimas declarações do Grupo Parlamentar do PSD/Açores sobre a inação do Governo em matéria de promoção de eficiência energética na Região, vi com bons olhos o que considerei uma consequência direta das “provocações” efetuadas, sob a forma da promoção da realização do Primeiro “Encontro com a Eficiência Energética”, vocacionado para os sectores da Indústria, Agricultura, Floresta e Pescas.
Reforço que vi com bons olhos o esforço efetuado para contrariar o que continuo a considerar uma verdade – o Governo não tem levado a sério esta matéria e o desencontro com a Energia que marcou os últimos quatro anos de governação são prova disso.
Pese embora ter decorrido algum tempo desde a realização do Encontro, senti-me impelida a tecer alguns comentários sobre esta iniciativa da Secretaria Regional da Energia, Ambiente e Turismo – Direção Regional da Energia.
Por um lado, até pareceu que, de repente, se quis fazer crer que o assunto agora é que está na ordem do dia, quando na verdade já se fala em Eficiência Energética há alguns anos a esta parte. Não é porque nos últimos quatro anos imperou uma inércia no sector da Energia, que se vai fazer esquecer o esquecimento a que este sector esteve votado na última legislatura.
Por outro lado, não me parece que sejam estes encontros que sirvam para traçar o rumo para a atuação na área da eficiência energética, até porque existem documentos orientadores (diplomas e outros) cujo propósito é precisamente esse. Se isso não significa algum desnorte, não sei bem o que significará.
Sobre o evento em si, anotei, com alguma estranheza, a ausência de elementos da Universidade dos Açores no painel de oradores convidados, bem como de empresas locais com atuação na área da monitorização e gestão de consumos de energia.
Para a primeira ronda de intervenções, cujo tema central consistiu na apresentação de medidas, ações e produtos para promoção de eficiência energética nos sectores abrangidos por esta iniciativa, intervieram um orador da Universidade de Coimbra e dois representantes de empresas de Portugal Continental.
Ora, perante tanto esquecimento terá a Direção Regional de Energia esquecido que a Universidade dos Açores elaborou vários estudos em matéria de Energia no âmbito do famoso e tão apregoado Green Islands Açores, alguns dos quais incidiram concretamente sobre utilização racional de energia e eficiência energética? Ter-se-á, ainda, esquecido que existem várias empresas locais que poderiam ter apresentado casos práticos de implementação de medidas, produtos e ações para promoção de eficiência energética
Passando à segunda parte do Encontro, onde se apresentaram sistemas de incentivos regionais e nacionais para a Eficiência Energética, tema bastante pertinente, atrevo-me apenas a constatar que muitos dos potenciais beneficiários destes apoios não estavam no Encontro, nem tampouco sabiam da sua existência, o que irreleva em grande escala a sua realização.
Para finalizar, de referir que esperava que o primeiro Encontro com a Eficiência Energética versasse sobre a administração regional autónoma e sobre o seu plano para esta matéria, tendo ficado bem claro, para minha desilusão e de outros presentes, até por esclarecimento prestado pela própria Diretora Regional da Energia quando questionada sobre o assunto, que esse Plano não existe.
Atendendo à relevância do tema, não baixarei o nível das minhas expectativas para os próximos “Encontros com a Eficiência Energética”. Esperarei,apenas, que as iniciativas que se seguem tenhammaior relevo e proveito.

