Eleitos pelo povo, provenientes da classe média assalariada, com sobrenome comum, eles têm demonstrado como sua a ambição, não a de controlar a antiga elite económico-social açoriana, mas sim a de passar a integrá-la.
Eles expressam o desejo pela adulação e aceitação, especialmente pelas figuras da elite que os desdenhavam como vulgares aspirantes ao poder, que só a democracia de um homem-um voto viria a permitir.
Para muitos deles a questão definidora das suas vidas tem sido a triste luta para extrair uns gramas de respeito do suposto establishment que claramente os olhavam como um espetáculo à parte. E isto é o resultado do modo com eles se sentiram durante boa parte das suas vidas – de nariz esmagado contra a vidraça da janela, ansiando por um convite, queimando-se de ressentimento, urdindo a sua vingança. Vivendo a sua enorme insegurança sobre o seu lugar na comunidade.
Eles têm sido os rapazes do Atneu Comercial e do Santa Clara que precisavam de provar aos snobs de sangue azulado do Clube Micaelense que eram tão bons quanto eles. Uma mistura de sede de vingança com desejo de aprovação.
A patológica sede de holofotes faz-lhes dar as maiores cambalhotas, perante a risada da assistência selecionada.

