1. Neste espaço escrevi há quinze dias que o ano de 2017 ficará marcado no Faial pela defesa de melhores acessibilidades aéreas, pelos investimentos no porto e pelas eleições autárquicas. Naquela altura refleti sobre as acessibilidades aéreas e hoje faço-o em relação às outras duas temáticas.
2. A Câmara da Horta é gerida pelo Partido Socialista vai para 28 anos! A inação, as omissões e a falta de influência e de capacidade das sucessivas Câmaras ao longo deste período marcam de forma indelével a situação do Faial e muito contribuíram para o facto de termos ficado para trás em muitos domínios. Daí a importância das eleições autárquicas deste ano. Teremos a oportunidade de mudar!
A Câmara Municipal é o governo da ilha e deve liderar o seu desenvolvimento. Uma Câmara líder atua nas matérias que são da sua competência, mas deve também acompanhar, defender, exigir e influenciar as decisões de outros agentes com intervenção no nosso desenvolvimento. As maiorias socialistas que têm gerido os destinos do nosso Concelho falharam e falham nas duas dimensões: nas suas áreas e não acompanham nem têm nenhuma influência na ação do Governo Regional nesta ilha.
3. O último exemplo dessa triste e penalizadora realidade é o que se está a passar com o investimento previsto para o porto da Horta. Recorde-se que este investimento esteve previsto para a anterior legislatura (2012-2016) e, portanto, a sua preparação decorre há anos.
Agora ficámos a saber que o Governo Regional não ouviu nem procurou envolver a Câmara Municipal na definição deste investimento estruturante para o Faial, o que é absolutamente condenável.
Mas é igualmente censurável, e até inacreditável, perceber que a Câmara durante todos estes anos nunca procurou saber o que estava a ser projetado para o nosso porto. Agrava isto o facto da Autarquia estar, aparentemente, a preparar uma intervenção na frente mar que tem zonas confluentes com a área do porto e que, necessariamente, essas intervenções deviam estar articuladas.
Se tudo isto é mesmo verdade é muito grave e triste percebermos a falta de estratégia e de responsabilidade de quem nos governa a nível regional e concelhio.
4. O procedimento com vista ao lançamento do concurso para a intervenção no porto foi lançado há mais de três meses e só agora, depois dos resultados eleitorais das regionais no Faial e perante a insatisfação geral da sociedade civil e a mobilização de algumas instituições, é que o Presidente da Câmara reagiu e colocou em marcha a sua estratégia de, em ano eleitoral autárquico, fingir que acompanha tudo e, vai daí, cola-se a tudo o que mexe. Foi assim com a reivindicação de melhores acessibilidades aéreas e é assim agora com os investimentos previstos para o porto. Tudo tática eleitoral! Se as pedras das calçadas da Horta pudessem reclamar, nesta altura teriam, com certeza, o apoio do Presidente da Câmara! Se o ridículo matasse…
5. Analisando todo este processo concluo que, mais uma vez, o Governo e Câmara estão a atirar areia para os olhos dos Faialenses. Senão reparemos:
a) Projetaram a 2ª fase do reordenamento do porto nas costas dos Faialenses;
b) Inscreveram na legislatura anterior cerca de 13 milhões de euros para este investimento que não concretizaram;
c) Elaboraram um projeto que descarateriza e pode comprometer a operacionalidade do porto;
d) Deixaram de fora do projeto muitos aspetos que inicialmente tinham prometido;
e) Dividiram a designada 2ª fase de reordenamento do porto em mais fases;
f) Lançaram em plena campanha eleitoral um concurso com um preço demasiado baixo que ficou deserto.
E questiono-me: será tudo isto normal? É só incompetência? Ou estaremos perante uma nova forma de adiar investimentos?! Não tenho dúvidas.
6. É preciso tratar este assunto com seriedade e ter a coragem de lançar um verdadeiro debate com a sociedade faialense e especialmente ouvir os diversos setores que operam no porto, refletir e estudar bem as soluções a implementar que permitam desenvolver e potenciar as excelentes condições naturais no nosso porto. É isso que se exige!

