1. Recentemente os Faialenses penalizaram nas urnas o PS e o Governo Regional porque têm desvalorizado e abandonado a nossa ilha, deixando-a para trás no seu desenvolvimento.
Mas essa desvalorização e abandono têm outros responsáveis. A Câmara Municipal da Horta é seguramente um deles. A Câmara da Horta é gerida pelo Partido Socialista há 27 anos! A inação, as omissões e a falta de influência e de capacidade das sucessivas Câmaras ao longo deste período marcam de forma indelével a situação do Faial e muito contribuíram para o facto de termos ficado para trás em muitos domínios.
O plano e orçamento da Câmara Municipal da Horta, para o ano eleitoral de 2017, é um bom exemplo da responsabilidade desta maioria socialista no nosso atraso. E isso é verificável nas ações propostas, nas omissões detetadas e na narrativa ilusória repetidamente utilizada.
2. Se tivermos a paciência (e eu já a perdi!) para ir verificar há quantos anos e mandatos é que o PS promete, por exemplo, o saneamento básico, a melhoria da rede viária municipal, o reordenamento do trânsito e do estacionamento, a requalificação do mercado municipal, uma resposta mais eficaz e rápida a quem pretende investir, a reabilitação urbana, o melhoramento das instalações desportivas, a articulação das respostas sociais, entre outros, facilmente concluiremos que esta gente anda a enganar-nos há tempo de mais!
Mas esse engano tem vindo a ser sempre “embrulhado” numa narrativa ilusória que tenta enviar areia para os nossos olhos para justificar o injustificável. Desculpam-se que o atual quadro comunitário não permite recuperar a rede viária. E pergunta-se: e quando houve dinheiro nos quadros anteriores para isso o que fizeram a esse dinheiro? Desculpam-se que não é possível andar mais depressa com o saneamento básico. E porque já não o iniciaram há 20 anos quando houve imensos recursos para tal? Desculpam-se que só agora é possível avançar com a requalificação do mercado. E pergunta-se porque não o fizeram anteriormente quando até havia dinheiro disponível no “Prorural” para esse tipo de investimentos?
Por isso, é, no mínimo, patético, ouvir, como ouvimos, alguém afirmar que os compromissos desta maioria ficam totalmente cumpridos com a apresentação deste plano.
3. Mas a responsabilidade desta maioria socialista que gere a nossa Câmara é também verificável nas omissões que estes documentos deixam transparecer. Quando esta maioria afirma que tem pautado a sua atuação pela “defesa intransigente do Faial, nos locais próprios e junto das entidades competentes” tal cai totalmente por terra quando, por exemplo, não se encontra nestes documentos uma única referência para aquele que é seguramente um dos nossos principais problemas: o das acessibilidades aéreas. A Câmara, que deve ser líder do nosso desenvolvimento, perante esta problemática, não tem neste documento orientador da vida municipal para o próximo ano, uma única medida ou contributo neste domínio. Tal constitui, para além da negação da realidade, um desrespeito pela sociedade civil faialense que se tem movimentado na defesa de melhores acessibilidades e da ampliação da pista do aeroporto da Horta. E de nada serve invocar que esta temática não é da competência municipal porque isso corresponde a uma visão restritiva do papel que compete a uma Câmara, sobretudo, numa ilha de um só concelho. Tudo o que se passa nesta ilha tem e deve merecer a atenção da Câmara.
4. Em mais um ano, o plano desta maioria socialista faz-me lembrar o plano de atividades de uma agência promotora de eventos. Qualquer agência dessa natureza, com dinheiro, é capaz de promover iniciativas. A uma Câmara exige-se mais. A ação de uma Câmara tem de se distinguir pela sua capacidade de delinear uma estratégia de médio e longo prazo para promover o desenvolvimento de uma terra, fazendo bem o que lhe compete, influenciando a ação de outros, mobilizando a sociedade civil e estimulando a iniciativa privada para exercer o papel insubstituível que lhe cabe. Falta também a esta Câmara essa estratégia.
5. Mas nem tudo é mau na atuação desta Câmara…
Podemos não ter uma boa rede de estradas. Podemos não ter o saneamento básico feito. Podemos não ter o mercado requalificado. Podemos não ter muitas outras coisas. Mas temos um lote de cerca de meia centena de cavalos no Centro Hípico, alguns de belíssima qualidade. Não duvido! Aparentemente a Câmara não sabe o que fazer com eles, mas esse é um problema menor. A verdade é que não ficámos para trás em todos os domínios. Entre os municípios açorianos e provavelmente nacionais, o da Horta está em primeiro lugar na criação de cavalos! Será que a ideia é colocar os faialenses a andar a cavalo atendendo ao péssimo estado das estradas? Que tal o senhor Presidente dar o exemplo e substituir o seu carro presidencial por um belo cavalo de raça lusitana?
É a isto que chegámos…27 anos depois!

