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Se há coisa de que os socialistas se fazem sempre acompanhar é da “lata”. Nos Açores ou em Lisboa. Acompanha os de cá, os de lá e os que, estando lá, fazem sentir toda a sua influência nos de cá.

Quanto aos de cá, a “lata” nunca lhes faltou. Regozijam-se, e bem, quando algum facto positivo vai aparecendo. O que, a bem da verdade, não tem acontecido com frequência. O pior é o resto.

Até utilizam a “lata” para se apropriarem da origem de algumas melhorias, mesmo sendo opções que antes rejeitavam. Como se passa com os resultados atuais no turismo, decorrentes da entrada das “low-cost”, algo que só foi possível pelo empenhamento de Duarte Freitas junto do governo de Passos Coelho.

Mas “lata” faz mesmo perder a vergonha. Os factos desfavoráveis são, também eles, motivo de regozijo. Nesse caso, através de interpretações em sentido contrário às de quem os analisa seriamente.

Não hesitam em fazer leituras ao arrepio de conclusões que entidades respeitosas vão produzindo. Seja na apreciação da conduta das finanças regionais, da evolução do desemprego, de indicadores de natureza social, da calamidade na educação ou tantas outras. Há casos recentes que são paradigmáticos. Como se tem visto em relação à situação preocupante que se vive nos Açores em setores fundamentais como a agricultura ou as pescas.

O cúmulo da “lata” dos de cá acontece sempre que tentam fugir aos chamados “vinte anos”. Querem fazer crer que apenas são responsáveis pelos últimos quatro, quando todos sabem que a responsabilidade dos seus governos remonta a 1996. A verdade é que é risível tal desresponsabilização. Se a situação de partida do governo de Cordeiro já era má, criada pelo seu antecessor que rumou a Lisboa, a verdade é com o governo que agora se aproxima do fim ainda houve deterioração de inúmeros indicadores. Nada, portanto, que seja de relevar de forma positiva. Pelo contrário.

Mas a “lata” também é instrumento dos de lá. E não é só usada por quem, de cá, partiu para lá, onde prossegue a sua caminhada na política. O mesmo que, estando lá, continua a influenciar os de cá.

Foi ele que no passado 25 de Abril reagiu ao discurso do novo Presidente da República. Resumiu-o como um recado à oposição. Podia, pelo menos, ter considerado que, se houve recados, eles foram distribuídos por todos, em função do papel que lhes cabe. Mas a “lata” falou mais alto. Resvalou para a pantomina e imaginou que assim tivesse acontecido. Só que não aconteceu.

Apenas um dia depois, quem por lá toma conta das finanças, agiu como o de cá. Perante um agravamento dos resultados orçamentais, disse que tudo estava a correr conforme o previsto. Pegando na “lata” socialista, resolveu agir de forma pouco prudente E tentou fugir a um facto que pode dar razão aos que duvidam da exequibilidade da estratégia orçamental em curso. Melhor faria em se precaver para eventuais desvios. Mas a “lata”, também a ele, não o abandonou.

Não. Antevendo já as reações do costume, não estou a ser maledicente. Estou apenas a constatar factos visíveis aos olhos de todos nós.

Os socialistas são exímios utilizadores da “lata”. E, com ela, vão enganando o povo.