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Para o Governo Regional, a culpa mora sempre longe dos Açores. Ora é de Lisboa, quando quem lá governa não é da sua cor, ora é de Bruxelas, quando é coisa que mais lhe convém.

É isso que está a acontecer com os problemas graves que está a atravessar o setor do leite. Para o governo, a responsabilidade é exclusiva de Bruxelas. Um “atirar de areia” para os olhos dos Açorianos, tentando desesperadamente esconder a demissão na ação que lhe seria exigida.

Os problemas da agricultura açoriana, em particular quanto ao leite, estão hoje em plano muito preocupante. Pura e simplesmente porque o governo não fez o trabalho de casa, revelando pura inação. É esse o fator mais importante para as enormes dificuldades de rendimento que afetam os agricultores açorianos.

Os Açorianos não precisam de governantes que assobiam para o lado quando surgem problemas. Os Açores não precisam de um governo que se senta à espera que a crise passe. Os agricultores açorianos não precisam de um presidente de Governo que os deixa à sua sorte e envereda pelo papel de analista político.

O que os Açores e os Açorianos precisam é de um governo que governe.

É por isso que são grandes as responsabilidades do governo regional nesta matéria. Porque foi e continua a ser negligente ao não querer conhecer como se formam os preços desde a produção até ao consumidor final, nem fazer o acompanhamento dos mercados. Neste domínio, o que o governo já fez foi forçar os deputados socialistas a chumbar, por três vezes, um dos diversos contributos com que o PSD/Açores tem cumprido o seu papel. No caso, a criação de um observatório para o setor. Curiosamente, uma proposta no sentido do prometido por Vasco Cordeiro em 2004. Um Centro do Leite que, doze anos depois, continua a ser uma miragem. O que querem mesmo é governar às cegas, ainda que “vejam” os agricultores em situação aflitiva.

Quanto a estes, quando foi necessário modernizar, produzir mais, melhorar a genética ou as pastagens, sempre cumpriram com a sua parte. E perante o fim das quotas leiteiras que se encontrava no horizonte, sempre ouviram dizer ao governo que os Açores estavam preparados para esse efeito.

Quanto ao fim das quotas, não houve falta de alertas. O PSD/Açores já o vinha fazendo desde 2006, pela voz do seu presidente, Duarte Freitas. Como é fácil compreender, mudanças como essa não são passíveis de serem bem sucedidas se forem preparadas em cima do joelho. Necessitam de ajustamentos que exigem preparação e muita antecedência.

Na altura, os socialistas consideraram que esses alertas eram alarmistas. Não prepararam nada. E não lhes restou outra alternativa que não a de recorrer ao que não devia ser utilizado: o “joelho”. Agora, estão atrapalhados sem saberem o que fazer. O presidente do governo virou comentador e limita-se a situar o setor à beira de uma “tempestade perfeita”.

Quem está a ser prejudicado? Os agricultores açorianos.

O regime socialista, depois de 20 anos, está manifestamente cansado. O vazio de ideias invade os gabinetes do governo e do seu presidente. Desistiram de governar os Açores. Arrastam-se, na tentativa de manterem o poder.