Carga fiscal: Estou chocado! – Opinião de João Bruto da Costa

Durante três anos, depois de uma amnésia socialista sobre a bancarrota nacional, ouvimos o PS Açores, o Governo Regional e todos os partidos políticos a reivindicar menos impostos e mais investimento público.

A cada medida de austeridade imposta pela TROIKA tudo quanto era microfone serviu para o partido socialista clamar contra a pesadíssima carga fiscal imposta aos portugueses, e acrescida aos açorianos por via da redução do diferencial fiscal, igualmente imposta pelo resgate da desgovernação de Sócrates, o tal do “Juntos Conseguimos!”.

Quem não se recorda da constante guerra ao “brutal aumento de impostos” de Vítor Gaspar, e quem não se recorda de ver o socialismo açoriano despudoradamente a colher os dividendos eleitorais de medidas impostas aos portugueses pelo governo da república que teve de pagar a factura da festa das PPPs, dos SWAPs e da falência do Estado, perante a incapacidade de, PEC após PEC de Sócrates, o país recuperar confiança na sua economia.

Todos prefeririam que Portugal não tivesse de ter passado por mais uma humilhação internacional, de ter de recorrer ao agiotismo financeiro dos especuladores e dos juros que amarram a liberdade e a soberania do Estado. Mas alguém levou a que isso fosse necessário, e que durante um período de excepcional necessidade se tivessem de aumentar impostos e cortar despesas.

Contraditoriamente, os socialistas que vão governando os Açores, mesmo co-responsáveis pela tragédia quase grega que se abateu sobre o país após o desgoverno socrático, sempre acharam que o aumento de impostos era excessivo e que se devia, até, demitir o governo que aumentava impostos aos açorianos que em nada tinham contribuído para a bancarrota nacional (Excepto pelo apelo ao voto no PS de Sócrates).

Mas nos Açores há certas peculiaridades no pensamento político do regime vigente que nos fazem sempre confirmar o quanto é requintada a hipocrisia política.

Depois de se ter voltado a possibilitar, com o Orçamento de Estado para 2015, que nos Açores pudéssemos novamente aliviar o IRS da classe média, ou conceder uma menor carga fiscal às empresas dos Açores – que são quem deve criar riqueza e emprego sustentável – e que podemos baixar o IVA – esse imposto que toca a todos por igual mas quem o sente de forma mais severa são os que menos têm – temos um governo que é contra a excessiva carga fiscal que pagamos, que é sustentado e que sustenta um partido, socialista, que se diz, rediz, escreve e reescreve ser contra os altos impostos, mas que já há mais de mês e meio que permite que os açorianos, de todos os Açores, com ilhas que, sem excepção, passam momentos de enormes dificuldades, continuem a pagar mais impostos do que deveriam e a estrangular a economia com um desavergonhado excesso de austeridade regional.

Afinal, parece que o socialismo dos Açores se dá bem com os altos impostos que existem na região, de tal forma que continuamos a pagar mais do que necessitávamos cada vez que vamos ao supermercado, e em cada pacote de leite ou quando pagamos a boa carne regional, cá vai o excesso de que o Governo dos Açores precisa para engordar a sua ineficiência.

Confesso, estou chocado!