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Crónica 1 – A apresentação
Era uma boa intenção. O Governo Regional iria apresentar na Assembleia Regional o Plano Estratégico da SATA. Acontecia pela 1ª vez e politicamente configurava um comportamento fresco e saudável.

Em política o que parece … é! A iniciativa inédita só engrandecia aqueles que, perante a “casa da democracia”, apresentariam a sua visão e a estratégia para a empresa pública, submetendo-as ao escrutínio público e político.
Era a intenção, porque o resto foi uma trapalhada. Na 6ª feira passada o Secretário do Turismo e Transportes, ladeado pelo Presidente do Conselho de Administração da SATA, foi à Comissão de Economia fazer a esperada apresentação do Plano que, segundo noticiado pela RTP/Açores, tinha 200 páginas.

Quando demos conta que a versão entregue na Assembleia tinha apenas 40 páginas, tudo o que o Secretário Regional e o Presidente da SATA disseram cheirou a “meia verdade”.

A partir daqui, a atenção dos deputados e da comunicação social não estava centrada naquilo que eles diziam, mas naquilo que omitiam. O que escondiam as restantes 160 páginas?

Cronica 2 – “Gato escondido …”
Em política o que parece … é! Na sala estavam presentes 2 senhores que ninguém conhecia. Não eram deputados, não eram jornalistas, não eram assessores da SATA ou do governo, …! Para quem lhes conhece a “pinta”, tinham ar de consultores da empresa que elaborara o dito Plano.

Esmerados, como convém, um deles tinha sobre os joelhos um molho de folhas com uma encadernação de argolas, que um rápido olhar permitia quantificar como contendo cerca de 200 páginas.

Nem corri grande risco, quando, depois de Victor Fraga ter jurado a pés juntos que o Plano Estratégico eram apenas as 40 páginas entregues à Assembleia, garanti que na sala estava alguém que tinha em sua posse o Plano completo. Bingo!

Depressa o dito senhor saiu da sala e só regressou acompanhado de um sobretudo com o qual escondeu (literalmente) o documento. Desastroso! Se até ali as palavras de Victor Fraga eram pouco ou nada convincentes, depois, passaram a “cheirar a gato”. O gato que queria esconder …, mas deixou-lhe “o rabo de fora”. Grande trapalhada!

Crónica 3 – O Pai Natal
Excetuando naturalmente as questões de natureza comercial, ao omitir à Assembleia o Plano integral, onde constam os pressupostos de base que conduziram à definição da estratégia futura, o Governo Regional pretendeu branquear o passado e o acumular de erros que conduziram à atual aflição da SATA.

Usando apenas os dados da “versão resumida” do Plano, em 2014, o passivo bancário da SATA atingiu 179 milhões. Em 2009 era de 30 milhões. Sextuplicou!

Agora é que vai ser! Segundo a mesma versão do Plano, até 2020, a SATA pretende reduzir o seu passivo bancário para 57 milhões. Não explicam como vão conseguir, até porque os atuais 179 milhões foram acumulados numa situação de monopólio e brevemente a SATA tem de partilhar o mercado com a concorrência low-cost.

Eu quero muito acreditar que quem aumentou, em 5 anos (2009/2014), o passivo bancário da SATA de 30 para 179 milhões, seja capaz de reduzi-lo, em 5 anos (2015/2020), de 179 para 57 milhões, … mas já não acredito no Pai Natal.

Crónica 4 – Atentados
Os hediondos atentados em França são mais hediondos do que os da Síria, Iraque, Nigéria, Afeganistão ou Israel? Não, não são! Todos são igualmente hediondos … pela simples razão de que ceifam vidas humanas. A grande diferença, nem é ter sido perpetrado contra jornalistas. A grande diferença é que os outros são praticados lá longe e este atingiu o coração da Europa.