Os Açores descobriram recentemente uma reveladora forma de olhar para o exercício da “classificação”.
Desde logo as “classificações” dos alunos dos Açores e como andamos a enfrentar o insucesso das mesmas.
As recentes declarações do titular da Secretaria da Educação sobre o insucesso escolar foram felizmente reproduzidas pela comunicação social porque, da parte “oficial”, procurou-se branquear logo de seguida o que tinha sido afirmado pelo responsável governamental.
Avelino Menezes, recentemente empossado nas vestes de Secretário Regional da Educação, afirmou que o combate ao insucesso escolar nos Açores tem sido feito com “pensos” (!!!) e que, para ser sincero, como o próprio afirmou, tinha de reconhecer que no próximo ano lectivo irá apenas continuar a aplicar “pensos”.
Os “pensos” de que fala o Secretário Regional são, a bem da verdade, as políticas seguidas na pasta da educação nos últimos anos e cujos resultados empurram os Açores para os piores indicadores de insucesso escolar, entre outros, como o do abandono precoce da escola.
Para recordar apenas os mais recentes; Álamo de Meneses, Lina Mendes, Cláudia Cardoso e Fagundes Duarte andaram, nos últimos anos, a aplicar “pensos” para enfrentar o insucesso escolar, não tendo estancado, como resulta dos dados oficiais, a sangria de insucesso que percorre a educação nos Açores.
Ao assumir que apesar da aplicação sucessiva de “pensos” o problema apenas se agravou, o actual governo não encontra, todavia, outro remédio que não a continuação da distribuição dos ditos “pensos”, quase demonstrando que nem sequer importa que se mude o titular da pasta na educação pois a farmácia a que recorrem é sempre a mesma, e lá só se vendem “pensos”!
Apesar de o ter afirmado com toda a sinceridade, conforme o próprio assumiu nas suas declarações, talvez tomado por uma qualquer chamada de atenção política veio, um dia depois, a máquina de propaganda regional socialista afirmar que iria haver muito e inovador investimento no combate ao insucesso escolar. Num assomo de determinação, só faltou ao governo dizer que o combate ao insucesso sofrerá grande revolução: vão deixar os pensos rápidos e passar para os higiénicos!
Mas também relacionado com a tarefa de “classificar”, ficamos a saber que o serviço de “classificação” do leite, (SERCLA) não está certificado. E o mais interessante é que, segundo o Governo Regional, a certificação dos serviços de “classificação” do leite dos Açores não é necessária porque confiam cegamente na qualidade dos seus préstimos.
Já a caminho gerou-se, como seria de esperar, uma torrente de confusão; ora se quem “classifica” a qualidade do leite dos Açores não está certificado, como podemos confiar na “classificação”?
É óbvio que andamos há demasiados anos em fachada de que se está a fazer alguma coisa que realmente contribua para o desenvolvimento dos Açores. Mas só mesmo nos Açores para se afirmar que não é necessário certificar quem classifica o que quer que seja.
Neste caminho podemos, quem sabe, ver um dia o SERCLA a atribuir as classificações na educação!