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Se havia um comportamento que diferenciava substancialmente os socialistas dos social-democratas era o facto de no PS os problemas internos e questiúnculas pessoais terem um elevado grau de encobrimento político e partidário, por forma a não transparecerem para a opinião pública. Talvez com muitos “sapos” engolidos à força, a verdade é que o PS sempre se apresentou como um partido unido e solidário.
Pelo contrário, o PSD apresentava-se, por vezes, como um partido perigosamente “transparente” sob o ponto de vista da solidariedade política e partidária.

A eleição de um líder partidário gera, por vezes, “sonsos” movimentos internos que procuram destruir a sua imagem e o seu trabalho. De facto, há muitas ambições pessoais dentro de todas as estruturas partidárias que não conferem a coesão que tantas vezes seria necessária para o verdadeiro e necessário trabalho político em prol das comunidades. Isto dificulta, sem dúvida, a liderança. E todos nós nos devemos retratar um pouco nesses comportamentos prejudiciais.

Mas se esta é (ou era) uma matriz mais ou menos própria do PSD, por isso não surpreendente, sou levado a afirmar que o PS está irreconhecível e a surpreender pela negativa.

O PS nacional está num combate interno que toca os limites da indecência e fere a ética política. Os ataques diretos e pessoais entre António Costa e António José Seguro são, na verdade, uma “vergonha política”. As denúncias que são feitas ao próprio funcionamento das estruturas partidárias e às manobras de bastidores “dão mais corpo” a essa vergonha. Sente-se o “cheiro a Poder” a “embriagar” a lucidez daqueles que se preparam para uma candidatura a líder do Governo Nacional e, por tal, dos destinos de uma nação. A dúvida preocupante que nos fica é se se trata apenas de uma “embriaguez” ou se é uma questão de caráter.

Porém, por cá as coisas não correm nada melhor dentro do PS Açores. São ataques públicos entre autarcas socialistas “de peso” e destes ao seu próprio Governo, é o mau relacionamento entre parlamentares e governantes com alguns parlamentares de créditos públicos firmados em rota de colisão com a sua Direção Parlamentar e com o Governo e, finalmente, dentro da estrutura do Governo uma “convivência” institucional pouco “sadia”.

É, talvez, por tudo isto que o Governo Regional passa mais tempo preocupado em atacar as oposições do que em governar.

Porventura, o que está a afetar os socialistas açorianos poderá ser não propriamente o “cheiro a Poder”, mas sim o “fedor do seu Poder”. Porque parece que o “Poder socialista”, tal como aconteceu no passado com um ciclo longo de governação social-democrata, cairá um dia de “maduro demais” (isto para não utilizar um adjetivo corrente mas deselegante). E esse dia parece estar mais próximo do que nunca.

O Governo Regional, que hoje temos, é politicamente muito frágil, face a outros Governos, mesmo socialistas, que tivemos no passado.

Claro que a liderança “bicéfala” deste Governo, espartilhada entre a falta de autoridade e de afirmação de Vasco Cordeiro e a cada vez maior e mais influente “rede” montada por Sérgio Ávila, não confere solidez e confiança interna a este Governo.

Sérgio Ávila (exímio em engenharia financeira) tem conseguido, até agora, com algumas habilidades orçamentais e conversas demagógicas, que colam no eleitorado, empurrar as dificuldades para a frente, “colorindo” a realidade do nosso cenário político. Mas, também, acredito que esta criatividade não vai durar sempre; pelo contrário, parece-me que terá os dias contados.

Enfim, é evidente que “o verniz começa a estalar” no PS. E fica-nos a sensação de que o PS poderá, em pouco tempo, entrar num processo de “implosão”.

Até que tal suceda, mas mesmo que não venha a suceder, a obrigação e o compromisso do PSD é preparar-se devidamente para assumir a governação, com outra competência e outros valores políticos e morais.