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Já não surpreende a desfaçatez de quem governa os Açores ao omitir os contornos, terrivelmente penalizantes para as pessoas, instalados na sociedade açoriana. Que decorrem, também e obviamente, de atos governativos por cá praticados.

É tão recorrente que deixou de ser novidade assinalável. É apenas motivo de incompreensão para quem passa por imensas agruras. E também de indignação, já que, na maioria das vezes, os protagonistas são claros mercenários da política.

Há, contudo, insensibilidades chocantes da parte de certa “gente”. Alguns, até, com responsabilidades em áreas sensíveis, designadamente no âmbito social. E são também insultuosas para as famílias que, nos tempos que correm, são obrigadas a sacrifícios que ultrapassam a fronteira do admissível.

Andam “por aí” a valorizar pretensos bons resultados no domínio orçamental, mas escondem, em simultâneo, que se atingem na Região os piores números em termos de pobreza. O que não é tolerável para qualquer um, mas muito menos é para quem se posiciona abaixo do limiar da pobreza.

Aliás, como compreender que se valorize aquilo que decorre, apenas e só, de “engenharias financeiras” de um qualquer “sabichão da aritmética” que por aí anda? Algo que há muito deixou sequer de poder classificar-se dessa forma. Uma classificação com alguma pompa, já que poderia corresponder a um artifício tecnicamente complexo. Mas que, afinal, não é mais do que mera “compressão” de material destinado a sucata. E todos o sabem, incluindo os que o elogiam.

As “marteladas” em contas públicas são matéria que, nos Açores da atualidade, é reconhecida e mais do que conhecida. Seja na esfera pública tradicional, pela via do orçamento regional, seja por “instrumentos” de desorçamentação assentes no setor empresarial público, em crescimento exponencial, designadamente com a expressão ainda mais notória da última década.

E, no entanto, há “gente” que, em vez de se preocupar com a dimensão do rendimento social de inserção, que tem o peso na população incomparavelmente maior em termos nacionais, anda por aí a “bisbilhotar”. Sabendo das elevadas dívidas do governo, não têm vergonha de elogiar o que resulta da utilização do “martelo” que esconde a triste realidade financeira que este e os anteriores governos socialistas construíram. E que está a deixar responsabilidades que colocam em risco o futuro das gerações que nos irão suceder.

Há “gente” a brincar à política em “campos de lazer”. Invocando pretensos êxitos obtidos à custa da “martelada socialista”. A sua obrigação, no entanto, era a da dedicação a tarefas em prol dos Açorianos, tornando menos penosa a vida das cerca de vinte mil pessoas sem trabalho na região do país com maior taxa de desemprego. Desemprego que continua a subir nos Açores, em sentido inverso à recuperação a que se assiste a nível nacional.

Há “gente” que, lamentavelmente, faz pouco por quem sofre. Mas que não se cansa de fazer a “publicidade falsa” que os Açorianos não sentem.

Para essa “gente”, ficam duas perguntas:

Não se importam de ter mais pudor? E de respeitar as famílias açorianas que estão a passar por grandes dificuldades?