Portugal registou, em Julho, uma taxa de desemprego a que já não assistia desde Novembro de 2011.
Com uma descida de entre as maiores da União Europeia, o país viu a sua taxa de desemprego baixar para os 14%, sendo agora a 5ª mais alta da União e longe da Grécia; com mais de 27% e da Espanha; com 24,5%.
Este fenómeno não pode ser dissociado da reconquista de credibilidade do país, que foi capaz de superar o risco da bancarrota que se abatia sobre nós quando, em 2011, recorremos ao auxílio externo.
A acompanhar a notícia chegou também a grande conclusão de socialistas e restante extrema esquerda de que os números do desemprego “não reflectiam a realidade do país”. Isto porque, dizem, muitos dos empregos criados são financiados pelo Estado, não sendo portanto melhoria económica, ou sendo apenas uma ilusão de melhoria.
A este pensamento não posso deixar de questionar: então serão apenas os Portugueses, e o rotulado de incompetente governo nacional que conseguem simular a criação de emprego e estimular a economia e outros, como Espanha, Grécia, Croácia e Chipre não o fazem por óbvia falta de lembrança?
E se nos voltarmos para outros casos, como os Açores, como se explica que, apesar do Governo lançar mão de milhentos instrumentos de subsidiação de criação de postos de trabalho ou de estágios profissionais ou de reconversão profissional e afins, não haver uma recuperação do emprego e uma renovação da confiança económica como está a suceder a Portugal?
Na verdade, o país vem reconquistando paulatinamente a estabilidade de que necessita para a sua economia poder recuperar, sem o crónico estrangulamento do Estado, a tudo quanto mexe.
Mas é igualmente verdade que ainda temos níveis altíssimos de desemprego e desigualdade. Ainda há muito por fazer para que não se fique pelo contentamento de ter salvo Portugal dos deslumbramentos de governos que empurraram o país para, mais uma vez, sujeitar o seu povo ao sacrifício da austeridade e, depois, deixar que fruto das meias verdades e da memória curta possam querer repetir tudo de novo.
Há uma óbvia diferença entre subsidiar emprego para contentar clientelas ou salvaguardar massas falidas ou até deixar à mercê de alguns oportunistas programas mal implementados, e conseguir fazer mexer o tecido económico de um país para que consiga recuperar emprego e confiança.
Para exemplificar essa diferença temos o caso dos Açores, em que a intervenção do governo na economia apenas tem sobreposto séries de ilusões, muito à maneira socialista, não obtendo resultados como acontece no país, em que a exigência e a compreensão de que os governos não podem continuar a servir apenas os interesses dos seus titulares, fazem com que a sociedade respire e possa, finalmente, recomeçar um caminho que até aqui nos tem sido negado.
Ao fim de três anos de ajustamento com um governo capaz de cumprir e limpar o nome do país nos mercados e financiadores internacionais, começam a aparecer os sinais de que é possível construir um futuro de mais justiça social e menos desigualdade.
Ao invés, nos Açores, ao fim de dezoito anos de poder socialista apenas há mais sinais de preocupação, o tecido económico não se reergue e não consegue dar dinâmica à economia. Talvez um dia, quando a sociedade respirar.