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Algumas Ilhas dos Açores estão a ficar despovoadas. Esta é uma verdade que tem vindo a ser comprovada pelos últimos censos. Os dados revelam um preocupante e acentuado abandono humano na maior parte do território regional.

A realidade é simples, as populações estão envelhecidas e as novas gerações deslocam-se em direcção a um novo centralismo, onde podem existir empregos, aonde existem melhores confortos sociais, onde a segurança na saúde e na educação está mais próxima, portanto, na direcção contrária ao seu local de origem.

Desde logo, as Ilhas ficaram prisioneiras das políticas seguidas não conseguindo, assim, fixar os jovens nem conseguiram promover “negócios”, principalmente novos negócios nas várias áreas.

O modelo politico há 18 anos em vigor falhou e não foi por falta de dinheiro ou de Autonomia, foi mesmo o modelo que nunca considerou cada Ilha como uma realidade própria que complementa uma realidade regional.

Recordo que o Governo Regional só o ano passado arrecadou mais 126 milhões de euros em impostos e teve à sua disposição muito dinheiro da Europa. Os Açores receberam mais de 5000 euros per capita entre 2000 e 2006 de Fundos Comunitários e cerca de 6000 euros por habitante entre 2007 e 2013, enquanto outras regiões europeias receberam em média 1500 euros por habitante. Agora, vamos receber entre 2014 e 2020, 1.546 milhões de euros.

Para além disso temos a nossa Autonomia que nos permite tomar decisões políticas, isto é, construir de maneira especifica os nossos rumos económicos e sociais.

Rumos que, infelizmente, têm levado os Açores aos piores resultados da história da nossa Autonomia, como seja no desemprego, na pobreza, na falência de empresas, na educação e nos beneficiários do Rendimento Social de Inserção (RSI). Aliás, este último indicador é bem representativo da nossa pobreza. Segundo os dados de julho de 2014, em todo o país 2,2% da população recebe o RSI, nos Açores estes números atingem os 7,4% da população.

Todos sabemos que nos Açores se regista, neste momento, a maior taxa de desemprego do país, mas esta preocupação assume contornos mais dramáticos quando se trata de territórios descontínuos como o nosso. O perigo das populações não regressarem às suas Ilhas de maneira permanente é quase irreversível.

Por tudo isto, já várias vezes defendemos que os Açores não podem continuar com receitas globais. É preciso um plano por Ilha de modo a reconhecer as dificuldades mas, em simultâneo, as potencialidades de cada território. Ou seja, são necessárias ações estratégicas em cada Ilha e que prevejam também a complementaridade com outras Ilhas, só assim, faz sentido falar em desenvolvimento harmonioso dos Açores.

Naturalmente, junte-se, a esta equação e de forma determinante, a existência de um sistema de transportes que sirva o Arquipélago.

Acima de tudo, importa construir um modelo e desenvolvimento para os Açores na premissa da igualdade de oportunidades para todos os Açorianos e para todas as Ilhas e onde o desenvolvimento harmonioso é aquele que torna as Ilhas complementares em vez de concorrenciais.

Deste modo seremos capazes de formar uma Região onde se cria riqueza, emprego e fixa as pessoas.