O governo regional parou no que é importante. Está em descanso. De férias.
De vez em quando lá aparece uma das recorrentes notas para a comunicação social, através das quais o governo regional apanhou o vício de se auto-elogiar. Nesta altura, ainda mais do que é habitual, publicitam algo que não existe, que não está em curso ou sequer em fase de preparação. São a habitual “duplicação” informativa com que o governo “dobra” a sua atuação, tentando fazer passar a ideia de que muito produz.
De resto, a “silly season” governamental está ao rubro. Quase não se nota a presença dos membros do governo. Nem mesmo de Ávila, o omnipresente.
Não queremos com isto contestar o chamado direito a férias. Todos dele devem usufruir e os governantes não são exceção. Mas uma coisa é o governante X ir a banhos por uns dias e outra, completamente diferente, é a componente política dos departamentos sob sua tutela parar. Também ela “refastelada” numa qualquer cadeira de praia. Como se não houvesse medidas para tomar.
Nesta altura crítica para os Açores não é tolerável que se esteja perante um governo de gestão corrente. Os Açorianos estão demasiado massacrados pela atual situação dos Açores. Querem respostas para os seus problemas. Precisam de um governo de acção e não de um governo que se mantém em atividade apenas porque os funcionários aguentam o funcionamento da máquina administrativa. E decisão política, pura e simplesmente, não existe.
A verdade é que, queiram ou não os socialistas, os problemas não desapareceram com a força do calor. Pelo contrário. Se olharmos para a evolução de muitos indicadores, agravaram-se, colocando muitas famílias açorianas em situação de ainda maior risco social.
A verdade é que, queira ou não este ou aquele candidato à liderança nacional socialista, os Açores não são o exemplo para o país que os seus correligionários regionais o aconselham a usar como tema de campanha na Região. A diversos níveis, infelizmente, o que existe na sociedade açoriana são os piores comportamentos entre as diversas regiões nacionais. E fica até mal ao dito candidato invocar essa “inverdade”, já que ambiciona chegar ao governo no plano nacional.
Os Açores são a região em que se atingem os índices de pobreza mais elevados. É onde o Rendimento Social de Inserção tem o peso mais significativo no conjunto da população. São os líderes no domínio do insucesso escolar. São a única região que, ao arrepio do que se passa com as restantes, viu o desemprego subir em relação ao ano anterior. É onde a taxa de desemprego atinge o valor mais elevado em Portugal.
Numa região em que se verifica este estado de coisas não é tolerável que se abandone a atividade política do governo. Assegurar, apenas, que se mantém a atividade administrativa é muito pouco. É irresponsável, designadamente neste momento em que são muito acentuadas e dramáticas as dificuldades que se atravessam em muitos lares açorianos.
Às pessoas deve ser reconhecida a necessidade de descanso. É legítimo e desejável.
Os governos é que não podem parar. Porque os problemas dos Açorianos não se compadecem com a falta de decisão política.