Há uns bons anos atrás, passeando pelo molhe do porto de Ponta Delgada, tive a sensação que vivia numa ilha em desenvolvimento, pois tal era o número de gruas que se conseguia mirar no horizonte da cidade.
Estávamos no “boom” da construção civil. As obras públicas, quais cogumelos, que nasciam quase por capricho de um governante. Os prédios para a habitação que prefiguravam uma taxa de natalidade recorde. E o dinheiro fácil qua a banca emprestava a baixo custo.
Um dia destes, numa das caminhadas para gastar calorias, as poucas gruas que pude ver no horizonte da minha cidade estavam paradas, enferrujadas, a sinalizarem os “cemitérios” de betão que a construção civil foi deixando ao abandono, que a banca “mirrou” ao fechar a torneira do dinheiro que tanto caro, agora, custa.
Aí estava a confirmação de que a economia desta ilha está moribunda.
Mas os micaelenses têm muita paciência. Sem ela, a frustração já se tinha exposto. Com as suas consequências sociais e políticas.
Ou seja, – como dirão os assessores de imagem dos nossos governantes – os micaelenses aguentam isto e mais do que isto. Logo que se lhes dê algum circo! E se encontre, em Lisboa, um bode expiatório.