1. Terminou a 39ª edição da Semana do Mar. É tempo de fazer o seu balanço e a sua avaliação. E fazê-lo constitui, ou deve constituir, um ato normal numa sociedade aberta e democrática que cultiva a cidadania ativa. As muitas avaliações que têm sido feitas, nos mais diversos locais, não devem ser encaradas por quem as organiza não só como elogios ou críticas, mas sobretudo como contributos para melhorar a Semana do Mar no futuro.
A Semana do Mar constitui o nosso principal evento social, cultural e económico. São as nossas maiores festas e todos queremos que elas sejam cada vez melhores e mais apelativas para residentes e para quem nos visita.
2. A edição que agora terminou teve aspetos positivos e negativos, alguns destes há muito identificados. Como positivos destaco, desde logo, o seu programa náutico que singulariza e carateriza esta festa no contexto regional, nacional e internacional. Mas também a campanha de sensibilização ambiental introduzida que me parece uma ideia interessante.
O envolvimento de mais empresas locais nomeadamente ao nível do som e luz do palco principal, o regresso da tela de projeção ao lado do palco e a tentativa de dar nova cara (com o envolvimento de diversas instituições) às velhinhas barraquinhas são outros aspetos positivos. Destaco igualmente o encerramento da festa com lanternas luminosas, uma ideia interessante da recém-criada Associação de Jovens do Faial.
3. Porém, termino esta edição da Semana do Mar com a convicção reforçada que ela precisa de ser alterada. Há no ar e nas conversas uma saturação crescente com este modelo. Muitas têm sido as manifestações neste sentido. Desde os relatos na comunicação social, aos comentários nas redes sociais e até as tertúlias organizadas pela sociedade civil, cujos contributos não podem cair em saco roto, são sinais de que algo precisa ser feito.
Quem organiza estas festas não pode continuar insensível a todas estas manifestações e a fingir que nada existe; pelo contrário, tem o dever e a responsabilidade de fazer alguma coisa.
4. A Semana do Mar, como quase tudo na vida, para se manter atual, tem de evoluir e de inovar. Na minha opinião, um contributo para isso podia ser a alteração do seu modelo de organização. Para além das habituais entidades que dão à organização um contributo insubstituível, é preciso envolver mais sociedade civil na Comissão Organizadora da Semana do Mar. Já propus que ela fosse presidida anualmente por um cidadão convidado. Isso trataria potencialmente mais inovação e dinamismo à organização.
Por outro lado, é preciso repensar toda a organização do espaço onde atualmente decorrem os festejos em terra. Será expetável que a prometida requalificação da frente mar traga novidades neste domínio, mas entendo que não é possível esperar mais. A festa está estrangulada sobretudo na Avenida e descaraterizada no Largo do Infante. Defendo há muito a alteração da localização do palco principal e da feira gastronómica.
Sinto ainda que atualmente existem duas festas: uma no mar e outra em terra. É preciso aproximar essas duas realidades, envolvendo mais pessoas na atividade náutica e trazendo para terra o que se passa no mar. Hoje existem muitos faialenses que ainda desconhecem o que se passa e, sobretudo, a dimensão dos acontecimentos náuticos destas festas.
Finalmente, uma palavra sobre o cartaz de artistas selecionado para a festa. Bem sei que temos muitos particularidades que caraterizam e notabilizam a Semana do Mar, mas temos de ter em conta que existem muitas pessoas que qualificam as festas em função do cartaz de artistas que apresentam. Nesse domínio, a nossa festa tem vindo a perder notoriedade. Sei que este é um domínio sensível e muito dependente do gosto de cada um.
Sei que a concorrência é forte e que para apresentar melhores artistas são necessários mais recursos financeiros. Mas também fico com a sensação que, mesmo com o atual quadro financeiro, um pouco de melhor gosto seria necessário na escolha de alguns artistas para subirem ao palco principal.
Estou convicto que a 40ª edição da Semana do Mar trará as necessárias e expetáveis alterações.
5. A edição deste ano da Expomar trouxe uma boa notícia: o conhecimento público de que um empresário faialense pretende investir numa fábrica de transformação de atum. Um investimento importante pela valorização que pode introduzir na cadeia do nosso pescado mas igualmente pelos postos de trabalho que pode criar no Faial. Espero que esta iniciativa receba o devido incentivo e apoio das entidades públicas para que se concretize o mais rápido possível.
Registo também a iniciativa da JAGRIFA de abertura de um talho no Mercado Municipal para promover e comercializar a nossa carne. As nossas Associações e os nossos empresários bem tentam dinamizar aquele espaço mas infelizmente o Município não faz o que lhe compete: a prometida requalificação tarda!