Anda azeda a contenda socialista.
Lá por fora? Também. Mas não só.
Por lá, basta seguir a novela associada à escolha daquele que será candidato a primeiro-ministro. Que, curiosamente, até pode não ser quem vai assumir as rédeas do partido. Ou até pode ser, não se percebe ainda bem, já que é grande a confusão instalada desde há uns três meses, depois da vitória escassa nas eleições europeias.
E é justamente essa quase não-vitória que é invocada por quem se propôs assumir a liderança. E por isso fala de “vitória pequenina” em Maio. Foi ela que serviu de motivo para agora se chegar à frente, embora se soubesse há muito que essa era a sua grande ambição.
Provavelmente, nunca terá sido concretizada porque eram reduzidas as expectativas em termos eleitorais. Estamos, assim, perante um daqueles que só avança se o poder estiver de braços abertos à sua espera. É essa a sua motivação. E não, como devia ser, dar um contributo para resolver os problemas das pessoas.
O outro, o que foi afrontado, engrossou a voz. Acossado, fala agora como se possuísse um “mar de ideias”, quando nunca as teve. Continua afogado em manifestas generalidades e incapaz de apresentar propostas definidas e trabalhadas. Fala apenas da necessidade de crescimento e de criação de emprego, como se tais desideratos fossem desprezados por alguém. Obviamente que é nesse sentido que qualquer político pretende dirigir a sua ação. Para isso, tem medidas a propor. Que é aquilo que o “vazio” líder socialista assumidamente não tem. E, risivelmente, ainda acha que o seu opositor lhe anda a roubar as ideias. Mas quais?
Deste processo resultarão, também, consequências para os socialistas açorianos. Aliás, já estão a resultar, ainda que as desavenças não se fiquem pela contenda centrada em Lisboa. Contudo, não pode ser totalmente afastada a hipótese de algumas estarem com a mesma relacionadas.
Desde logo, a evidente “corrida” em que estão envolvidos os dois primeiros nomes do governo açoriano. Vasco e Ávila vão-se marcando em permanência e aproveitando, um ou outro, quando o “outro” ou o “um” está distraído. E Vasco distrai-se muito.
Depois, há os desiludidos. Basta ver o que alguns vão escrevendo nos jornais. São muitos os que não se revêem na atual liderança regional.
São ainda mais os que estão apreensivos com a sua falta de afirmação, já que estão francamente desalinhados com a sua submissão a quem “dá ordens” no âmbito governamental.
E o que dizer do sintomático episódio protagonizado pelo autarca da Povoação, com as fortes críticas que dirigiu ao governo? Afirmou que a Carta Regional de Obras Públicas “é uma mentira”, mostrou-se “indignado com esta inexistência de governo e de poder nos Açores” e disse que “não existe ninguém com quem se fale”. Seguiu-se a demarcação por parte da AMRAA, referindo que “não podem ser toleradas atitudes” como a referida. Prosseguiu com a posição contrária a esta última, assumida pelo autarca da Lagoa, com voto de protesto e tudo. Logo de seguida, o autarca de Vila Franca veio dizer o contrário. Que grande confusão!
Lá, como cá, os socialistas andam mesmo de candeias às avessas.