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Quando algo se faz e não foi bem planeado ou bem feito, geralmente, apuram-se responsabilidades, erros e outras falhas para não se repita tudo uma vez mais.

Nos Açores há uma outra variável; a de se saber que o que se fez, com mais ou menos falhas, erros e outras asneiras, foi feito com dinheiro dos impostos Açoreanos, ou com dinheiro da Europa, enfim, “dos outros”(!).

Desde logo, o facto de ser oficialmente visto, seja para justificar festas e DJ,s ou paineis solares, que sendo dinheiro que não terá saído directamente do suor dos Açorianos, pode ser gasto assim, porque é “dos outros” (?), leva-nos ao pensamento mais parasitário que se pode ter em comunidade!

Pensar que os incentivos enviados pela Europa para o desenvolvimento social, económico, enfim, o desenvolvimento humano dos Açores, é menos escrutinável por uma qualquer razão revela bem um pensamento vigente que nos levou a mais um quadro comunitário, de mais 1500 milhões, porque continuamos a ser uma das regiões menos desenvolvidas da Europa.

Mas o quadro tem ainda pior pintura não porque, no mundo global, quem nos anda a sustentar esta forma de pensar sobre o seu dinheiro pode fartar-se, mas pelo que ele revela sobre a forma como nos vemos inseridos e como governamos os recursos que nos estão disponíveis.

E quando acabar a “mama”? Como sera? Damos cabo da natureza porque ela talvez regenere sem nos custar muito?

Estaremos condenados a ser guiados para o abismo por sucessivos governos inconscientes a gastar recursos que não se repetem?

Mais a mais desprezando o empenho de quem nos ajuda, literalmente cospem no prato por onde comem, tratando o dinheiro “dos outros” com menor zelo com que tratam o seu!

Ou assim o dizem!

E quem instiga esta falta de sentido de Estado, ao manifestar esse mesmo desprezo pelo dinheiro “dos outros”, orgulha-se de assim o fazer, uma espécie de esperteza saloia mais requintada!

Tudo legal! Se lido em sotaque brasileiro ainda soa melhor!

Para além de tudo, nem sequer o dinheiro é “dos outros”! O dinheiro à disposição dos Açores para investimento comunitário é dinheiro dos Açorianos, aprovado em planos submetidos à Assembleia Regional. É o dinheiro dos Açorianos que é gasto porque serão sempre os Açorianos que terão beneficiado dele aos olhos de quem já deu milhares de milhões de euros para desenvolver as ilhas!

Portando, quando dizem que não faz mal, que podemos desbaratar dinheiro “dos outros”, é dizer que ele não nos faz falta!

E depois, como é que vamos sustentar a necessidade de um estado social absolutamente dependente das teias de assistencialismo em que vivem os Açores?

É que, mesmo quando temos dinheiro para gastar cujo destino não preocupa quem o gere, ele continua a fazer falta para acudir a quem sofre pela falta de efeito reprodutivo gerado pelo gastar mal o dinheiro (mesmo o “dos outros”)!

Que imagem faremos de nós próprios se seguirmos por este caminho com o novo quadro comunitário? Mas disso saberão os Açorianos quando, de novo, forem chamados a escolher o seu destino (e o do dinheiro “dos outros”!).