As novas tecnologias permitem-nos, quase em tempo real, rever e ouvir aquilo que foi sendo afirmado, enquanto se desenrolava a ação. E nós já conhecedores do desfecho final.
Vi a pesada derrota da Espanha frente à Holanda, acompanhei os comentários dos jornalistas portugueses na TV, já conhecedor do resultado final. Em meia hora, Casillas passou de “excecional” a “frangueiro”, de “herói” a “carrasco”; a Espanha de “grande favorita” a “desilusão”.
90 minutos bastaram para retratar a nossa “maneira” portuguesa de estar na vida: Não debatemos, discutimos. Não opinamos, afirmamos. E, no dia-a-dia, fechámo-nos no nosso casulo, cortando as hipóteses de diálogo. Somos perentórios nas nossas opiniões e temos dificuldade em reconhecer o erro.
Somos assim no trabalho, no lazer e na vida comunitária.
Vemos no diálogo uma cedência. E na cedência uma fraqueza. Mattoso diz que somos assim há séculos. Temos apetência pela destruição. Construir, custa-nos.
Por isso, não temos sociedade civil. Temos resquícios. O ambiente continua propício aos candidatos a autocratas ”democráticos”.
PS: Vasco Cordeiro ufana-se com 94% de execução orçamental. Mas já nem à Polícia paga! Somos assim!