O setor da construção apresenta os piores números dos últimos 11 anos, com todos os seus indicadores a apresentarem-se atualmente como os mais baixos da última década.
Há obras que estão paradas há dezenas de meses e “tem de haver coragem política dos donos de obras em recolocá-las no mercado”. Mas também há “pedidos de apoio a habitações degradadas de toda a Região cujos processos estão pendentes de resposta” e ainda “concursos definidos e calendarizados na Carta Regional das Obras Públicas para 2013 e 2014 que têm de ser lançados e adjudicados”.
Se nada for feito rapidamente para inverter a atual situação, os indicadores do setor vão continuar a piorar e a construção vai manter-se como a mais afetada pelo desemprego nos Açores.
Lidos os três parágrafos iniciais, estamos certos que os socialistas mais empedernidos já estarão a recitar a ladainha do costume: “Lá está a oposição a dizer mal. Lá estão eles a denegrir o trabalho do governo”. Enganam-se.
Para além dos falhanços governativos, os socialistas falham também nas suposições e nas acusações de “trazer por casa”. Por norma, também carregadas de má-fé.
Na verdade, não somos os autores dos três parágrafos iniciais deste texto. Fazem parte de uma notícia publicada há dias neste jornal, na sequência de um comunicado de imprensa da AICOPA. Um comunicado em que a Associação dos Industriais da Construção Civil e Obras Públicas dos Açores refere que tem feito alertas constantes sobre a situação complexa em que se encontra o setor nos Açores, na procura de soluções que possam inverter o rumo que o mesmo tem seguido há mais de uma década.
Ou seja, um comunicado de uma associação preocupada, que tenta, a todo o custo, que se mantenham vivas as empresas suas associadas. E que lamenta que muitas não o tenham conseguido, tendo sido obrigadas a encerrar atividade.
Ou seja, os três parágrafos iniciais mais não são do que a expressão das preocupações dos Açorianos. Neste caso, da apreensão, que tem sido sucessivamente crescente, de uma associação empresarial. Que representa um setor que vive uma fase muito atribulada há vários anos. E que, contra a sua vontade, tem estado associada ao maior flagelo da sociedade açoriana. Com efeito, será responsável por cerca de metade do desemprego na Região, que atinge quase 22 mil pessoas.
É este, infelizmente, o paradoxo atual dos Açores. Os Açorianos a procurar, sem sucesso, uma “luz ao fundo do túnel”. E um governo que se limita a tecer loas a si próprio e ao exercício permanente de “cardar na oposição”.
É este, infelizmente, o governo que diz que governa os Açores. Que apregoa medidas que diz ter implementado, mas que as empresas dizem não conhecer. Ou outras que os seus destinatários já fizeram sentir que não vão conduzir aos objetivos que seriam desejáveis para todos. Que diz que tem resultados, mas o que se vê é o desemprego a atingir sucessivos máximos na história da Autonomia. Que diz ter soluções, mas nada mais faz do que apresentar desculpas.
É este, infelizmente, o governo que temos. Ou melhor, é o governo que não temos.
Porque deixou de governar. Porque apenas finge que governa.