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Este governo socialista é incansável na (re)divulgação das notícias. Das boas, obviamente. Embora sejam as más as que os Açorianos sentem e que apoquentam a sua vida de há uns bons anos a esta parte. As boas dão para ser divulgadas duas vezes, contando com as distrações. E para isso não hesitam mesmo em recorrer a iniciativas alheias que fazem suas por apropriação.

E até se percebe porquê. É que o campeão destas lides é Sérgio Ávila. Teoricamente, o número dois do Governo, ainda que goste da máscara de primeiro entre todos.

E não é por ter mais jeito para exercer atividade publicitária. É porque tem um vício, cada vez mais entranhado, de se colocar à frente de todos os outros, designadamente dos seus próprios correligionários, para cuidar da sua própria imagem. E num governo que deixou de ter uma distribuição de pastas equilibrada, concentrando num único departamento as áreas de maior peso em termos governativos, é aí que também se concentra a mensagem mediática. Simplesmente, porque os outros pouco têm para mostrar. Incluindo a pobre Presidência, que se limita a declarações banais e acessórias ou apenas à promoção de festas e “cocktails”.

As últimas semanas têm sido férteis nesse domínio.

Há umas duas ou três semanas, lá veio a terreiro. Vários dias depois de se conhecer uma proposta de lei do Governo da República enviada para parecer da Região, em que se dava a conhecer que a subida do IVA nos Açores se ficava por 0.2%. O que resultava, aliás, de uma metodologia que tem sido habitual. O responsável das finanças regionais, área que se inclui no vasto leque de competências que lhe cabem, lá veio publicitar o que já era conhecido. E disse que o mérito nem era do Governo da República. Era, imagine-se, do Governo Regional.

Poucos dias depois, foi hora de fazer nova notícia requentada. Desta vez, para dar conta, com pompa e circunstância, da regulamentação de benefícios fiscais. Ora estes, apresentados como novidade, tinham ficado definidos no Orçamento da Região para 2014, aprovado meio ano antes.

São dois exemplos paradigmáticos. Muito outros existem. Provavelmente, todas as semanas ou quase, situações semelhantes ocorrem quando, mesmo com a televisão sem som, nos damos conta de uma qualquer conferência de imprensa em que o Vice do governo da Região comparece na frente dos órgãos de comunicação social.

É certo que estas habilidades já são conhecidas dos Açorianos. Mas acreditamos que alguns ainda finjam ser ludibriados por estas jogadas de segundo ou terceiro nível. A figura em causa já é conhecida. Mas vale muito o dinheiro cuja atribuição dele depende, criando situações de manifesta dependência. E embora muitos se encontrem completamente desenganados, a verdade é que lhes é colocada uma mordaça, na base da ameaça ou da vingança. E é o “gestor do dinheiro de todos nós”, ou um seu emissário, quem a coloca ou lhes faz colocar na boca.

E neste século XXI, quando julgávamos afastadas estas práticas inadmissíveis, no mínimo nos quarenta que se seguiram ao 25 de Abril, nos Açores ainda acontece o impensável.

Por cá, ainda há mordaças. E há quem tente ludibriar os Açorianos.