“L’État c’est moi”, em português: ” O Estado sou eu”, é uma expressão atribuída a Luís XIV de França e, vulgarmente, simboliza o absolutismo na governação em que todos os poderes estão concentrados, levando a que se exteriorizem muitas formas de exercício em que a arrogância culmina em manifestações nada abonatórias do regime.
Nos Açores vivemos uma democracia em que, pelas ostentações recentes por parte de um partido (o socialista), somos levados a questionar se o poder não estará todo concentrado nessa caricatura democrática em que hoje se tornou a governação dos Açores e cuja demonstração mais recente é dada pelas nomeações para cargos de poder, em que se misturam as simpatias partidárias com a administração regional, culminando num quadro em que o partido socialista se confunde com o Estado Regional.
Com a remodelação do Governo Regional, que cresceu em mais duas secretarias e vários cargos de nomeação, realizou-se a arrogância governativa do PS nos Açores, em que até podem dizer: “O Estado somos nós”!
Uma nova Secretária Regional nomeou chefe do seu gabinete a mulher de um deputado regional do PS, filho do antigo Presidente do Governo do PS, que por acaso até é presidente honorário desse mesmo PS. A mesma Secretária nomeou ainda, para adjunta do seu gabinete, a mulher de outro deputado do PS, que era, até há bem pouco tempo, chefe de gabinete do actual Presidente do Governo, e tinha ocupado o cargo de secretário regional, nessa mesma pasta, no anterior executivo do PS.
Pelo meio deste enredo, foi também nomeada para um cargo de administração na recentemente criada “Casa da Autonomia” a mulher do anterior Presidente do Governo do PS.
Para juntar a este ramalhete, o marido da nova secretária regional é fotografo oficial do Presidente do Governo.
Uma festa!
É este o Partido Socialista que tomou conta da região e lá se vai governando.
E é este partido que conta na primeira fila da sua bancada parlamentar com o tal deputado, filho do anterior Presidente do PS e do Governo, na companhia de outros três deputados do PS, entre os quais o líder da bancada, cuja única profissão que se conhece aparenta ter como denominador comum a ligação ao Partido Socialista (como se extrai dos respectivos currículos publicados na internet).
Assim vão os Açores, e por todas as ilhas os açorianos conhecem outras situações em que o partido no governo tomou conta da sociedade, da administração e de “tudo quanto mexe”, nomeando amigos para os apetecíveis cargos, geralmente, bem remunerados.
E depois vêm, castamente, propor com grande alarido de transparência que os gestores de topo passem a ser escrutinados pelo Parlamento Regional onde, com a maioria absoluta que ali detêm, o PS irá “lavar as mãos”, para tornar menos polémicas algumas das nomeações que faz.
Apenas fachada, como já nos têm habituado ao longo dos últimos 18 anos.
Tal como foi apenas fachada de castidade a demissão, pelo Presidente do Governo, do filho de um líder da oposição nomeado por um dos seus secretários regionais. E tal como será apenas fachada a iniciativa de alguns dos seus jotas pintarem casas de famílias carenciadas. Sempre podendo dizer: “que casa tão bonita”, apesar de lá dentro viverem açorianos com fome!