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A SATA anda na boca dos Açorianos. Por maus motivos. Lamentavelmente.

Desde logo, pelo prejuízo de 2013. Foi severo. Atingiu quase 16 milhões de euros.

Diz o Governo Regional que lhe deve 23 milhões pela concessão das rotas aéreas inter-ilhas. Ao mesmo tempo, enquanto único acionista da SATA, aprova as suas contas, onde assume uma dívida superior a 40 milhões de euros nesse domínio.

Diz ainda o governo que vai pagar tudo o que deve. Uma pantominice, já que tem pouco mais de 19 milhões disponíveis para esse efeito.

A responsabilidade do governo da República, muito menos expressiva que a do governo açoriano, quase não chega a ser dívida. É que nem sequer foi entregue a documentação necessária para que SATA seja ressarcida. Devido, pasme-se, a um problema no seu sistema informático.

Tamanhas confusões.

E, já agora, tamanha irresponsabilidade. De um governo que tem feito mal à SATA.

Os revisores oficiais de contas e os auditores somaram reservas atrás de reservas às contas que analisaram. E sentiram-se incapazes de atestar factos atrás de factos. Emitiram pareceres que deveriam envergonhar a tutela.

Para “fugir” a resultados ainda mais negativos do que aqueles que, já de si, indiciam uma situação de enorme gravidade, houve recurso a artifícios contabilísticos. Mal explicados. Uma reavaliação da frota aérea duvidosa e outras opções que intrigaram quem tinha a responsabilidade de certificar e auditar as contas. Sem esses artifícios, a empresa passaria a ter um “vermelho” assustador nos seus capitais próprios. A falência técnica ficaria “à porta”.

A mais do que evidente ingerência do Governo Regional na gestão da SATA tem gerado operações ruinosas. São inúmeras as imposições de total irracionalidade.

A transparência é letra morta. A situação precária do grupo tem sido permanentemente escondida dos Açorianos. Que são, afinal de contas, os verdadeiros donos da empresa. Afinal, é de dinheiros públicos que estamos a falar.

O serviço prestado caiu redondo. Atrapalhando a vida das pessoas que precisam da empresa. Para cá chegar ou de cá sair. Quase todos os dias se conhecem situações intoleráveis. Merecem a indignação daqueles que necessitam de uma SATA que dê respostas. Quer aos que vivem nos Açores, quer aos que cá querem vir. E, em particular, aos que partiram à procura de uma vida melhor.

Lentamente, o governo socialista tem vindo a “liquidar” a companhia de bandeira dos Açores.

Fundamental na ligação entre os Açorianos das 9 ilhas, bem como na ponte que estabelece com o exterior dos Açores, ou ainda na aproximação desejada à Diáspora, a SATA é hoje em dia uma sombra do que já foi. Está em causa esse desígnio tripartido de transcendente importância para a Autonomia.

É tempo de apurar responsabilidades. E sabe-se quem tem feito mal à SATA.

Vasco Cordeiro tutelava a empresa até ser presidente do governo. Sérgio Ávila é o responsável pelas finanças regionais e pelo setor público empresarial regional há quase 10 anos. A atual tutela exercia, até há menos de dois anos, funções na administração da SATA.

O descalabro tem rostos. E a impunidade é inimiga da política feita com seriedade.