Quem assistiu à tomada de posse dos novos membros do Governo Regional reparou, decerto, que a sua bancada no Parlamento Açoriano ficou novamente “recheada”.
Voltou a ser um espaço preenchido, tal como no tempo dos anteriores governos socialistas. O que levou alguém a dizer: “Ca ganda governo!”
O auto-proclamado “governo novo” de Vasco, que tinha enchido a boca com a redução do respetivo elenco, ficou “gordinho” como os “governos velhos” de César. O “emagrecimento” não durou sequer dois anos.
Lembramo-nos de Vasco, quando iniciou funções, a anunciar uma “redução de mais de 35 por cento”. Fez gala disso. E teve um preciosismo, fazendo questão de dizer que era “mais” de 35 por cento. Assim mesmo, para se demarcar claramente dos governos do seu antecessor, embora também os tenha integrado.
Desta vez, julgamos não ter visto Vasco a quantificar a expressão do aumento verificado. Aliás, nem era necessário. Bastaria, para tanto, reparar como a bancada do governo voltou a estar “cheiinha” como nos velhos tempos do socialismo açoriano.
Quanto a César, acreditamos que tenha ficado contente. A nódoa que Vasco tinha ousado apontar à sua governação era, na verdade, uma maldade de quem o sucedeu.
Aparte a dimensão, que referimos devido ao “escarcéu” que Vasco fez no início da legislatura, o que interessa avaliar é se o novo elenco vai sanar os gravíssimos problemas instalados nos Açores.
Independentemente das qualidades que se possam apontar a este ou àquele novo membro que passou a integrar o executivo, não se conhecem especiais dotes que assegurem o sucesso da sua ação, até porque a componente financeira está fora do seu controlo, colocada que está, em exclusivo, em patamar superior. A craveira intelectual que lhes possa estar associada é curta para garantir que passem a existir soluções onde antes existiam problemas. E o tempo que vai ocorrer até que “tomem conta” das suas pastas não é amigo da necessidade de intervenções rápidas e incisivas.
Quanto a outros, as substituições serão na ótica de “mais do mesmo”. Num ou noutro caso, terá sido uma forma habilidosa de tornar mais abrangente a “capa” do todo-poderoso Vice-Presidente do governo.
E é aqui que está o busílis neste tempo atribulado dos Açores. É aqui que reside a fonte do insucesso dos últimos anos da ação do governo.
Ávila continua a concentrar em si a “carne” da atividade do governo. Com a agravante de agora ainda deter mais controlo sobre instrumentos de atribuição de dinheiro às pessoas, que não lhe pertenciam, o que lhe confere mais uma oportunidade para os atos eleitorais que ano a ano se vão suceder.
Ávila, que não foi “tocado” nesta remodelação naquilo que é mais importante na governação, vê o seu poder reforçado. E Ávila é a face do agravamento a que a Região tem estado sujeita no plano económico e social.
Não é por haver mais gente a governar que os problemas vão ser resolvidos. Nem o dos 22 mil açorianos desempregados, nem o das empresas que desesperam para que o governo lhes pague os abastados montantes que lhes deve.
O governo ficou apenas “maiorzinho”. Infelizmente, os problemas dos Açorianos são ainda maiores.