Não é comum que se comente a vida interna de um partido adversário político, mas não podemos ficar indiferentes ao que se passa no PS, porque sendo quem condicionou a vida dos portugueses nos últimos anos, entregando-nos às políticas de austeridade dos credores internacionais, a guerra de liderança no PS é assunto nacional.
Todos são, mais ou menos, de acordo que os Antónios do PS não têm, em substância, diferenças assinaláveis, ambos andaram com Sócrates nos tempos de desgoverno socialista e, ambos andaram na oposição populista às medidas que aceitaram para resgatar Portugal da bancarrota.
Não compreendo muito bem os argumentos de António Costa quando apela a que não se discutam pessoas, quando não há outra discussão lançada na briga socialista que não a questão pessoal. Afinal, toda a disputa de liderança é motivada porque alguns entendem que um líder fraco e pouco apelativo aos olhos do mediatismo político não serve os intentos socialistas de obter votos suficientes para se governar com Portugal.
Por outro lado, toda esta guerra tem apenas como objectivo lançar um candidato bem visto na comunicação social, pouco desgastado nas lutas políticas de oposição para que os portugueses votem mais no embrulho do que no conteúdo e, assim, escolham para governar um outro António que esconda com a sua suposta popularidade o que vem atrás. E o que vem atrás é o mesmo PS que levou o país a mais uma submissão externa, custando aos portugueses o mais violento período de austeridade e sacrifícios dos últimos 30 anos.
No fundo, quem apela a que não se discutam pessoas sabe bem que se for para analisar os currículos e as vertentes públicas de cada um dos candidatos a líder do PS estamos a falar exactamente do mesmo, ou seja, não interessa que se discutam os porquês de uma disputa motivada pelo assalto ao poder, por parte de quem não quer que se saiba quem, de facto, está a querer voltar ao poder, voltando a colocar nas mãos de uma certa elite socialista um país já demasiado torturado por quem apenas olha para os seus interesses partidários!
Igualmente não compreendo quando se diz que o país (entenda-se: os portugueses) “chama pelo PS” e “quer um PS forte”! Mas qual é esse país que chama pelo PS? Será o país dos oportunistas e dos que querem que Portugal caminhe para um novo período negro de submissão internacional, em que durante algum tempo alguns, sempre os mesmos, se servem do poder para fazer as suas vidinhas deixando o país de mão estendida? E que país é esse que quer um PS forte? Será o mesmo país que levou a mais uma entrada triunfal dos nossos credores, perante a indiferença desse PS que, no alto do seu calculismo, faz por passar o odioso de levantar Portugal para outros, enquanto se voltam a entreter com as lutas internas? Não foi assim já quando surgiu Sócrates e o seu séquito a puxar o tapete a Ferro Rodrigues? País de fraca memória!
Em boa verdade, independentemente das roupagens e de qual dos Antónios serve as urdiduras socialistas, o PS é o mesmo! Com mais ou menos mediatismo, entregar Portugal nas suas mãos seria sempre um mal maior perante o mal menor do líder que entendam escolher.