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Fui e sou um defensor da SATA, penso que continuarei a sê-lo. Não partilho da opinião de que outra companhia aérea possa fazer pelos Açores e, sobretudo, pelos açorianos o que a SATA fez e deve continuar a fazer. Somos uma região insular com uma posição geográfica que oferece uma centralidade que não podemos desprezar, dispor de uma companhia aérea nossa é uma mais valia.

O contexto atual que se vive na SATA é alarmante. Muitas razões podem ser invocadas para explicar, ou não, a situação. Muitas dessas razões são subjetivas e por isso não cabem neste espaço.

Porém, há uma que não pode ser branqueada, a dívida da Região à companhia, ou seja a dívida do seu único acionista. Esta dívida será superior a 70 milhões de euros, veja-se: 40 milhões à SATA Air Açores, no final do ano de 2013, dívida que vem a crescer desde 2012, a que acresce ( já este ano) mais dois trimestres a 5,7 milhões cada – esta dívida é decorrente do serviço público que a SATA Air Açores presta aos açorianos; o governo regional deve mais 8 milhões de euros à SATA Aeródromos; o Serviço Regional de Saúde (governo regional) deve à SATA cerca de 3 milhões de euros pelo transporte de doentes; e a Associação de Turismo dos Açores deve outro milhão de euros.

Sendo assim a dívida é de 63,4 milhões de euros, a que devia ser acrescido juro de mora a uma taxa não inferior a 5%.

Uma dívida desta dimensão cria constrangimentos muito sérios a uma empresa tão estratégica como necessária. Exige-se que o governo a pague ou que a desminta fazendo prova do pagamento de tudo a que está obrigado.

É também de perguntar ao governo regional se as verbas inscritas no plano e orçamento correspondem ao contrato existente entre a região e a companhia. Obviamente que corresponderão e a pergunta será apenas retórica, de forma a que se perceba que pelo menos aí não há nenhum incumprimento.

Toda esta situação mostra uma grande insensibilidade do único acionista para com a empresa mas, sobretudo, para com os açorianos. A SATA é uma das maiores empregadoras da Região e, como uma vez já escrevi, até a Swissair faliu revelando que, por vezes, a realidade ultrapassa os piores cenários equacionados.

Diga-se em nome da verdade que o tão falado governo da República tem pago tudo o que deve à SATA, sempre que o governo regional envia os papéis a tempo e a horas para credenciar o crédito, o que parece tem falhado nos últimos tempos.

Falar de uma região com contas equilibradas, superavits ou deficit marginais, quando um dos seus maiores ativos estratégicos padece de tão grave falta de cuidado, levanta no mínimo dúvidas. Não vale a pena falar em responsabilidades políticas e muito menos em nomes porque todos sabem quem manda na SATA há demasiado tempo.

O importante é garantir que o jogo do “esconde” não mata a SATA e para isso o governo tem de pagar o que deve.