Não pode deixar de parecer estranho que alguém que acabou de ganhar eleições seja contestado pelos seus pares. Ainda que esse alguém sempre tenha sido internamente criticado ao longo da sua caminhada. Ainda que a referida vitória quase tivesse sido imperceptível, embora a oportunidade lhe fosse favorável.
Mas é bom que não esqueçamos, e ainda o escrevíamos na semana passada, que Seguro nunca se livrou do fantasma de Costa. Seguro sabia bem que Costa estava atento e pronto para a contenda. Apostamos até que Seguro, quando estava mais descontraído a ouvir notícias, mandava de imediato calar quem o acompanhava, caso se iniciasse uma peça em que Costa falava.
E apostamos também que Costa faria o mesmo quando se invertiam os papéis. Na procura de um dos muitos deslizes de Seguro. Para, de seguida, lhe dar a ferroada da praxe. De forma mais ou menos direta. Em tom mais ou menos acusador.
Acreditamos também que Seguro poderia ter sido melhor se não estivesse em constante sobressalto com quem lhe podia fazer a cama. A intranquilidade era notória. E os seus diretos colaboradores também não constituíam uma boa ajuda.
Agora, eis o cenário montado.
Costa atacou de imediato. A que se seguiu uma semana de passagem de modelos socialistas, a aproveitar a onda para assegurar presença mediática. No sábado, houve reunião para decidir o futuro.
Seguro, embora contrariado, lá vai ter que medir forças. Ao que dizem, tem o aparelho do seu lado. É bem provável, a julgar pelas declarações que lhe foram favoráveis. Vindas de socialistas menos conhecidos, mas eventualmente mais dominadores da máquina partidária.
Os mais conhecidos, na sua maioria, eram apologistas da clarificação, com Costa no pensamento. Não sabemos se são verdadeiramente indutores de votos, mas isso também não é questão que nos interesse avaliar. É um assunto que só aos socialistas diz respeito.
Cabe aqui esclarecer que apenas abordamos este tema porque o futuro do país depende também de quem está na oposição. Das suas opções. Da sua responsabilidade na condução da ação política. Que, aliás, gostaríamos que fosse também preocupação dos socialistas açorianos. O que manifestamente não acontece, já que a crítica se sobrepõe a tudo o resto.
E a propósito do posicionamento açoriano neste tempo socialista conturbado, tivemos a oportunidade de ler que, inicialmente, estavam apenas na expectativa. E não pudemos deixar de recordar o episódio que ocorreu aqui nos Açores, aquando do congresso regional em 2013.
Costa veio à abertura. Seguro ao encerramento. Um na sexta. O outro no domingo. Afastados por dois dias, como era conveniente. O primeiro a merecer toda a atenção, carinho e consideração dos socialistas açorianos. O segundo a parecer abandonado. O primeiro acompanhado pelos “cabeças coroadas” do socialismo regional. O segundo remetido à companhia de alguns que com ele tinham estado nas eleições internas de um ano e meio antes.
César, entretanto, já deu as suas habituais “bicadas” em Seguro. Só depois, como também é habitual, é que Vasco abriu algum jogo.
Seguro já foi enCOSTAdo às cordas. E Vasco, como sempre, está encostado por César.