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De há 3 anos para cá, os socialistas açorianos mudaram o disco. E passaram a atribuir o exclusivo das culpas pelos males que afetam os Açorianos à austeridade proveniente da República. Bem à moda socialista, achavam, com o disco anterior, que a austeridade do tempo de Sócrates era de “boa índole”.

Desde logo, é bom não esquecer que ambas as “austeridades”, a atual e a “socratiana”, decorrem do acordo com a Troika. E é bom não omitir que este, não por acaso, foi preparado e assinado exatamente pelo dito Sócrates.

Por outro lado, não basta que se mandem “bocas”. Para que se possa atribuir o “exclusivo” tem de se provar que a governação dos Açores não tem culpas no cartório. Assim o exige a seriedade, imprescindível na atividade política. Até pelas responsabilidades que os políticos têm na mensagem transmitida às pessoas.

Será, então, que as culpas estão todas fora da Região? Vejamos.

Os Açores, ao abrigo do último quadro financeiro europeu, receberam verbas que correspondem a cerca de 6,300 euros por Açoriano. No mesmo período, as regiões europeias receberam, em média, 1,500 euros. Ou seja, os Açores beneficiaram de um valor quatro vezes superior.

Foi, assim, reconhecido que a Região deveria beneficiar de verbas substancialmente mais elevadas, tendo em vista compensar os constrangimentos naturais resultantes da sua condição insular e ultraperiférica. Um reconhecimento justo que, naturalmente, exigia que no fim do quadro financeiro os Açores estivessem numa situação melhor do que no início. E não estão.

Bem sabemos do ambiente macroeconómico desfavorável vivido nesse período. Mas sabemos também que atingiu, quer os Açores, quer as restantes regiões do país e da própria União Europeia. E sabemos, igualmente, que a política de austeridade adotada em Portugal nos últimos anos afetou, de igual modo, todas as regiões nacionais.

Nesse enquadramento, como reagiram os Açores?

Os socialistas dizem que o país “caiu” mais do que os Açores. Que vendo a coisa em termos comparativos, os Açores até nem se portaram tão mal assim.

Mas não é verdade.

Nos anos em que a crise mais se fez sentir, de 2010 a 2012, foi generalizada a regressão do Produto Interno Bruto. Mas a queda foi maior nos Açores do que a nível nacional. Não muito, é certo, mas maior. Foi de 4.65% nos Açores, contra 4,48% em termos nacionais. O mesmo se passou no indicador de convergência europeia, que caiu 5.33% nos Açores, em comparação com a descida de 5% no país.

De desemprego, infelizmente, nem é bom falar. A nível nacional está em tendência de descida há muitos meses e situa-se atualmente em 15.3%. Nos Açores, a subida mantém-se e atinge já 18%, a maior taxa alcançada em tempo de Autonomia. Corresponde a quase 22 mil Açorianos desempregados.

Mesmo com mais dinheiro, os Açores têm revelado pior comportamento.

Só se pode concluir, assim, que as culpas não vêm só de fora. São também “residentes” no governo socialista dos Açores.

Mas os socialistas, descaradamente, não hesitam em falar contra a verdade. Especializaram-se em atirar areia para os olhos dos Açorianos.

Tudo vale. O poder é que não lhes pode fugir das mãos!