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Se é cada vez maior a demora do governo e do setor empresarial público em pagar as contas, o todo-poderoso Vice-Presidente do Governo Regional pensa depressa e é lesto em encontrar desculpas e arranjar artifícios para as aflições.

Pensa tão depressa que, ao descobrir que o “rating” dos Açores tinha melhorado, a 12 de Maio, ainda que a reboque do que se passa para todo o país, foi o suficiente para, logo no dia seguinte, apresentar em conselho do governo uma proposta de aumento do limite de avales em 85 milhões de euros. Um aumento de mais de 60% face ao valor constante do orçamento regional aprovado poucos meses antes. Um aumento, pasme-se, que foi apresentado como fruto de boa gestão das contas públicas.

É, naturalmente, uma manobra de diversão. Mais um dos muitos coelhos que Sérgio Ávila gosta de tirar da cartola. Para que não transpareça a sua aflição. Tentando disfarçar. E querendo todos coniventes com mais uma das suas conhecidas habilidades para pagar o que deve, quando está à vista de todos que não tem meios para o fazer. Os truques e engenharias em que é hábil.

Está aflito com o que se passa com o Setor Público Empresarial Regional. Com muitas empresas em situação de falência técnica.

Porque teme que nem as suas habilidades permitam ultrapassar a situação difícil que lhes foi criada pela gestão política do governo. E a realidade vai diariamente desmentindo o discurso. E é nua. E muito crua.

Aflito, porque muitas já chegaram ao limite da tolerância da gestão que lhes é imposta. Da sua integral responsabilidade, com o permanente empurrar tudo para a frente com a barriga.

Estes 85 milhões de euros de aumento dos avales a conceder são a consequência disso mesmo. É mais uma fatura. De valor muito elevado.

Já são os próprios membros do governo, e do grupo parlamentar que o apoia, que se sentem incomodados. Não querem aparecer na fotografia quando é para falar de dívidas. Também eles estão, apenas, a mostrar solidariedade. Por obrigação. Mas custa-lhes. Porque sabem que não é bom para o futuro dos Açores, nem, especialmente, para as gerações que nos irão suceder.

E explicações? Onde estão? Não é minimamente tolerável que se faça uma abordagem superficial destas questões, como se tornou hábito.

Para que empresas se destinam tais avales? Quais os montantes por empresa? Que créditos vão ser substituídos?

A proposta é grave. Tem que ser devidamente explicada. Não pode ser abordada pela rama. Não pode ser imprecisa. Não pode ser um cheque em branco a um governo que se arrasta em desculpas.

Mas o governo, este mesmo que só paga dívidas quando os Açorianos se queixam na comunicação social, não quis explicar.

Os Açorianos têm o direito de saber mais. E o Governo tem a obrigação de ser transparente com a gestão do dinheiro que a todos pertence. O dinheiro não é seu. É dos Açorianos.

É esta a via açoriana socialista. A da dívida. A dos atrasos de pagamentos. A via que está a matar a economia dos Açores.

Os Açorianos têm direito a explicações. Não podem ter o seu destino à guarda de um governo que acha que pode viver acima da transparência exigível na gestão dos dinheiros públicos.