Não nos identificamos com todas as medidas de austeridade a que se tornou inevitável recorrer. E não é por terem sido consequência daquela que a história poderá identificar como “bancarrota socratiana”. Nem é só pelo facto de Sócrates ter sido o responsável pela sua negociação.
Consideramos que, em alguns casos, quem as aplicou foi mais incisivo do que seria necessário. E temos consciência que tem sido doloroso o esforço que muitos têm vindo a fazer.
Mas a verdade é que os resultados começam a aparecer. Dos défices orçamentais de dois dígitos herdados dos socialistas, que chegaram a atingir 10.2%, o atual governo trabalha para 0% em 2018, o que é inédito em democracia. A economia, embora a níveis ainda modestos, cresce há vários trimestres. O desemprego desce paulatinamente, com a excepção conhecida para os Açores, onde continua em ritmo de subida.
É este o contexto em que surge o Documento de Estratégia Orçamental (DEO), elaborado pelo Governo da República.
Aponta para a recuperação dos cortes sofridos pelos funcionários públicos. Aligeira a penalização reservada aos pensionistas. E tem ligeiras subidas do IVA e TSU que, dividindo o esforço que se circunscrevia a esses setores da população, respondem ao que foi imposto pelo Tribunal Constitucional.
As notícias positivas, contudo, esvaziaram alguns discursos. E os seus autores, desnorteados, reagiram em desespero.
Foi vê-los a puxar pela alma para reacender a chama. Agitando, em contra-ciclo, a bandeira da pretensa indignação.
Seguro, desastrado como é seu timbre, fingiu que nada tinha acontecido. Ou melhor, que tudo tinha piorado. Deu nota de continuação das desgraças. E continuou a dizer que os cortes iam acentuar-se, quando a notícia era a de que iam ser aligeirados.
Acabou por mentir. Disse o contrário daquilo que o DEO aponta. Ou seja, uma “triste figura” que, até para os seus, é há muito intolerável.
O facto de o DEO ter sido divulgado no dia antes do 1º de Maio levou também alguns sindicalistas, ao serviço dos seus partidos, a correr atrás de discursos que perderam força. Com declarações sem verdade, em que a violência foi o mote. Num sentido que contrastava, de forma manifesta, com o que tinha sido divulgado no dia anterior.
Claro que o DEO não trouxe só boas notícias. A distribuição do esforço, aliada à obrigatória correção dos disparates governativos de Sócrates, não permite ainda caminhar positivamente a todos os níveis. Mas os funcionários públicos, bem como os esforçados pensionistas, certamente receberam bem o que foi divulgado.
Remar contra essa maré é, pois, uma atitude de perfeito desespero.
A cereja em cima do bolo, contudo, veio do lado dos socialistas açorianos. Com o discurso anti-Governo da República a escorregar pelos cantos da boca, e sem nada de mau para acrescentar, limitam-se agora a dizer que ninguém se pode deixar enganar. Como se as pessoas não sentissem o mau, ou o bom, que as atinge. Um argumento pequenino. Ou melhor, um absoluto “não argumento”.
O que esta gente faz para não perder os discursos a que se agarrou nos últimos anos…
Uns, caíram mais do que outros. Outros, são apenas ridículos.