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Certamente que todos se recordam de quem, há um ano e tal, fez a pergunta que dá título a esta crónica. Feita a jornalistas, cinco vezes seguidas. Quando estava totalmente encalacrado com questões relativas à disputa interna com António Costa. Embora este, verdadeiramente, nem estivesse a chegar-se à frente. Era apenas ameaça à sua liderança. Como, aliás, ainda hoje é. Por mais desinteressado que sempre se tenta mostrar.

É Seguro, pois claro. O líder sem chama. Que nunca se conseguiu impor, até entre os seus correligionários. Em particular, no terreno dos militantes socialistas açorianos.

Foi essa pergunta que veio à memória quando se deu a grande “boutade” da campanha socialista para as Europeias do passado domingo. Cerca de uma semana antes, quando o desacreditado Seguro apresentava as 80 medidas a colocar em prática por um hipotético governo saído de eleições. Eleições que não eram as Europeias que ocorreriam uma semana depois. Eram, sim, as de 2015. As Legislativas Nacionais que se realizarão daqui a quase ano e meio.

Ouvimos a notícia das ditas 80 medidas numa esplanada com televisão. E nem vamos dizer as palavras exatas que a pessoa na mesa ao lado utilizou para comentar o despautério de Seguro. Cada um que imagine. Apenas vamos utilizar, digamos, meias palavras.

Começou por fazer perguntas: “Mas este está a prometer que vai baixar tudo o que os de agora estão a subir? E voltar a subir o que baixaram? Então vai deitar por água abaixo tudo o que temos estado a fazer? Olha que a mim tem-me custado. Mas este agora quer ir estragar tudo outra vez? Valha-me Deus! O que esta gente faz para ganhar votos! É por isso que as pessoas cada vez acreditam menos.”

E continuou: “Olha, olha. Diz que pode… porque fizeram as contas. Devem ser as mesmas que o Sócrates fez. Bonito serviço!”

E foi incrédulo que perguntou: “Mas isto tem alguma coisa a ver com as eleições para a Europa?”

Foi nessa altura que um amigo que o acompanhava no café lhe disse: “ Isto que ele está a falar é para as eleições do governo de Lisboa. Daqui a um ano. Não é para as de agora.”

Foi forte a gargalhada. E ainda com a voz a ser comida pelo riso, lá conseguiu dizer, a custo: “Vais ver que ele desta vez não diz o que disse aqui há tempos. Mas olha que agora é que se aplicava bem.”

E logo o amigo lhe perguntou: “O que é que estás para aí a dizer? E porquê toda essa risada?”

A resposta foi pronta, com a gargalhada novamente em crescendo: “Qual é a pressa???”

E rematou: “Só que agora somos nós a perguntar.”

E ambos riram, de forma compulsiva, durante largos segundos.

Temos a certeza que esse foi um dos grandes momentos da campanha que ocorreu antes das eleições de domingo passado.

Ridículo? Certamente. Marcante? Claro. Como tudo aquilo que tem um tom picaresco.

Um inseguro Seguro a agarrar-se a um eventual resultado positivo do seu partido e a tentar desesperadamente capitalizá-lo a seu favor. Antes que fosse apropriado por Assis, seu rival de eleições internas antigas e amigo de Costa.

Vai ficar gravado nos anais das curiosidades cómicas de campanha. Onde Seguro terá um cantinho muito especial.

E merece? Sem dúvida!