1. Realizam-se no próximo domingo, 25 de maio, as eleições europeias. O Parlamento Europeu é uma das três instituições mais importantes da União Europeia (UE), e é onde estão representados todos os povos dos 28 países deste espaço político. O Parlamento eleito terá 751 eurodeputados, dos quais 21 serão eleitos por Portugal.
Normalmente o nível de abstenção nestas eleições nos Açores é elevadíssimo. Muitas pessoas desvalorizam-nas e não vão votar por entenderem que o que se passa naquele Parlamento pouco tem a ver connosco. Nada mais errado! Muito do que passa nos Açores e na União Europeia, decide-se ou influencia-se com origem naquela instituição europeia. E exemplos não faltam em áreas que nos dizem muito, como a agricultura e as pescas, e no apoio ao financiamento de muitos dos investimentos que foram e serão feitos nos Açores.
Por isso, não podemos, por um lado, exigir da UE medidas e fundos generosos para o nosso desenvolvimento e, por outro, não participar de forma ativa na eleição dos nossos representantes no Parlamento Europeu.
2. Há no meu entendimento uma outra razão para que todos os açorianos votem no próximo domingo. Pelas posições que ocupam nas listas nacionais, a candidata pela Aliança Portugal PSD / CDS-PP (3º lugar) e o candidato pelo PS (5º lugar), tudo indicia que serão ambos eleitos.
Assim, os Açores continuarão a ter no Parlamento Europeu dois eurodeputados. Ora estas posições, conseguidas pelos candidatos açorianos, trazem-nos também responsabilidades: a de correspondermos com a nossa participação na sua eleição.
Além disso essa forte participação é igualmente importante para reforçarmos a legitimidade dos eleitos pelos Açores para as lutas que terão de travar na defesa dos nossos interesses. As altas taxas de abstenção destas eleições nos Açores podem ser entendidas como um desinteresse dos açorianos pelo projeto europeu e, logo, uma dificuldade acrescida para os nossos eurodeputados na reivindicação de medidas e apoios adaptados à nossa realidade e às nossas especificidades.
Este é um processo que tem dois sentidos e este é um dos momentos em que o temos de demonstrar: votando e dando mais força aos nossos representantes no Parlamento Europeu.
3. E essa força e esse sinal da importância da UE no futuro dos Açores é ainda mais necessário dado o momento difícil que atravessamos. Sinal dessa situação foi a revelação recente dos dados do desemprego.
Em quase quatro décadas de Autonomia e com tantos milhões à disposição da governação açoriana, atingimos o dramático número de 21.725 desempregados. Um número recorde que devia envergonhar os governantes socialistas dos Açores e, aqui sim, altamente merecedor de um cartão vermelho.
Tudo isto acontece depois do Sérgio Ávila se ter comprometido que na vigência do quadro comunitário de apoio 2007-2013, se iriam “criar anualmente, 2000 novos postos de trabalho”. Pelo contrário e para desespero de muitas famílias açorianas, depois de gastos 1.538 milhões de euros vindos desse quadro comunitário, depois de uma Agenda Açoriana para a Criação de Emprego e Competitividade Empresarial e depois de tantos programas e medidas para combater o desemprego, passado tudo isto, Sérgio Ávila e os seus governos, com a sua “via açoriana”, têm para apresentar aos Açorianos a maior taxa de desemprego de sempre nos Açores. É dramático!
Tudo isto para além de demonstrar a incapacidade desta governação, demonstra igualmente que o verdadeiro combate ao desemprego nos Açores passa por combater, de forma estrutural, as suas causas. O Governo Regional mais não tem feito, e mesmo assim com insucesso, do que tentar remendar e esconder esta situação. Este é o corolário de anos e anos de gastos de milhões sem estratégia de desenvolvimento capaz de criar riqueza e emprego de forma sustentável.
4. E esse drama do desemprego é ainda maior entre os jovens. Os Açores encontram-se entre as regiões europeias com maiores taxas de desemprego nos jovens (cerca de 40%). Daí que foi com agrado que assisti à apresentação do manifesto eleitoral da candidata pelos Açores na lista da Aliança Portugal (PSD/CDS-PP) – Sofia Ribeiro – em que dois eixos fundamentais são promover o emprego e investir na juventude, procurando sinergias entre programas e fundos europeus e estabelecimentos de formação e de ensino, também num plano transnacional, para melhorar a empregabilidade dos nossos jovens e desenvolver as suas competências empresariais. Esta tem de ser uma prioridade europeia, nacional e regional.
Que ninguém se exima ao seu dever de votar no próximo domingo!