1. Já aqui denunciei, por diversas vezes, que a Associação de Municípios do Triângulo (AMT) estava moribunda e que estava na hora de “fazer uma séria e profunda reflexão sobre o seu papel e atuação.
Inclusivamente penso que deve repensar o seu modelo de organização e funcionamento. Acho que deve continuar a ter uma componente política mas também acho que é essencial e absolutamente vital para o seu futuro, que passe a ter uma componente executiva e operacional capaz de assegurar um trabalho diário consistente e consequente com vista a tornar este Triângulo geográfico num verdadeiro e consolidado Triângulo económico com vantagens e oportunidades para todas as partes”.
Não sei se essa reflexão foi ou não feita. O que constato é que, na sequência das últimas eleições autárquicas, está em curso uma tentativa de redinamizar esta Associação. Isso é para mim motivo de regozijo. Felicito todos os intervenientes neste processo e especialmente o Município da Horta pela presidência da AMT.
2. Defendo a reativação da AMT porque é absolutamente necessário desenvolver e potenciar este Triângulo que a natureza colocou à nossa disposição e que, até hoje, ainda não fomos capazes de dinamizar.
E não fomos capazes por inação e desunião dos Municípios e dos agentes económicos, sociais e culturais que o constituem, mas também porque outros não têm tido interesse em que este Triângulo se desenvolva efetivamente. Portanto, se queremos e acreditamos no potencial deste Triângulo constituído pelas ilhas do Pico, S. Jorge e Faial, temos de ser nós, em primeiro lugar, a protagonizar e a assumir essa tarefa.
Neste domínio a AMT pode e deve ter um papel liderante e agregador de todos os outros agentes de desenvolvimento destas ilhas.
3. Sei que alguns são da opinião que não é preciso nem desejável a atuação da AMT porque entendem que, por exemplo a Associação Regional de Turismo (ART) faz a promoção destas ilhas. Objetivamente não faz!
Esta Associação e os seus principais dirigentes já deram provas que não pretendem promover o Triângulo mas sim o Grupo Central, obviamente obedecendo a outros interesses e estratégias.
Recordo as declarações do presidente da ART que disse, em 2009, que o “Triângulo não é um produto turístico” e como tal não fazia sentido promovê-lo na Bolsa de Turismo de Lisboa (BTL).
Aliás, bastará analisarmos a forma ziguezagueante como o Triângulo tem sido ou não promovido na BTL para concluirmos que ainda não sabemos nem definimos bem o que queremos para este Triângulo e que, sobretudo, ainda somos permeáveis a alguns interesses de outras paragens que tudo fazem para nos manter divididos.
4. Mais um exemplo de que há quem não queira o Triângulo e teme o seu desenvolvimento surgiu recentemente, na sequência de uma entrevista que o atual presidente da AMT concedeu ao jornal Diário Insular, em que o título era “economia das ilhas do Triângulo ligada à Terceira”.
No dia seguinte, o mesmo jornal, em editorial, com o título “as ilhas do pentágono”, defendia que “a ideia das “ilhas do Triângulo” que pode ter feito algum sentido num passado que já lá vai (embora recente), enquanto estratégia de proteção de interesses de desenvolvimento, muito particulares de ilhas mais pequenas em termos de população, hoje, ainda por cima na crise que teima em agarrar-se a nós como lapa à rocha, já não faz qualquer sentido.
Num momento em que a linguagem oficial retoma conceitos como o de “mercado regional”, quando se esperam, nos próximos anos, mexidelas profundas no sistema de transportes de mercadorias …, enquanto isso não acontece, porque não estender a ideia do “triângulo” ao polígono, constituído pelas ilhas do grupo central”.
Ou seja: não faz sentido a ideia de “ilhas do Triângulo” mas já faz sentido estender esse conceito às “ilhas do Pentágono”!
5. Este exemplo demonstra, mais uma vez, o quanto é decisivo para o desenvolvimento efetivo do Triângulo a união entre todos os seus Municípios e os outros agentes de desenvolvimento.
Isso não quer dizer que não devemos e necessitemos de reforçar a nossa ligação a todas as outras ilhas do Arquipélago potenciando um verdadeiro mercado interno que esta Autonomia ainda não conseguiu criar.
Contudo, isso não implica que percamos a nossa identidade nem que abdiquemos da construção e do desenvolvimento do Triângulo. Antes pelo contrário! Um Triângulo sólido só é positivo para toda a Região. Ilhas do Triângulo, sim, cada vez mais!