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Acreditamos que ninguém é insensível ao desemprego, o maior flagelo da sociedade açoriana. Mas, às vezes, até parece. E foi o que aconteceu, mais uma vez, após a divulgação dos dados mais recentes. Como diz o povo, há reações que não lembram ao diabo.

Não vale a pena falar delas, tal foi a pobreza de espírito em que a maioria se consubstanciou. Vindas do Governo Regional ou do partido que o apoia. Carregadas de frieza, de análise ou até de carácter, face a algo que é muito penalizante para quase um quarto das famílias açorianas. Assistiu-se, novamente, a um imenso rol de desculpas. Desde logo, de Vasco Cordeiro. E também de outros, responsáveis do governo ou socialistas encartados.

Ninguém pode negar que estamos perante um cenário de enorme preocupação. É muito expressiva a dimensão que o fenómeno adquiriu. Atinge quase 22 mil Açorianos. A apreensão é ainda maior devido ao constante agravamento que tem sofrido. No fim dos primeiros três meses deste ano foi novamente atingido um máximo em tempos de Autonomia. A taxa de desemprego subiu para 18%.

Sendo um problema instalado em todo o país, é também desolador saber que por cá ainda não se encontra instalada qualquer tendência de descida. Ao contrário da melhoria que se observa em todas as outras regiões portuguesas, o desemprego continuou a agravar-se nos Açores, pelo menos até ao fim do primeiro trimestre deste ano. Deixou de fazer sentido imputar responsabilidades apenas à envolvente externa. O problema, infelizmente, tem um sabor açoriano.

Por isso, urge criar soluções regionais. É disso que os desempregados açorianos necessitam. A sua situação, que se reflete negativamente na satisfação das necessidades essenciais das suas famílias, não melhora com a apresentação de desculpas. Precisam de emprego. E este só é criado em função da existência de soluções.

Tudo isto nos faz pensar num instrumento que o governo criou com o objetivo de ultrapassar a situação dramática que se vive na Região. O PSD/Açores deu-lhe apoio quanto à sua concretização. Falamos da Agenda para a Criação de Emprego e Competitividade Empresarial, que vai a caminho de ano e meio. Infelizmente, por muito que não o quiséssemos dizer, o governo falhou na sua implementação. Os resultados no desemprego assim o evidenciam.

Não foi por acaso que, há quase um ano, o PSD/Açores requereu ao Governo regional um ponto de situação da Agenda. Não acreditamos que a falta de resposta, que ainda se mantém, seja por falta de elementos. Uma matéria como esta exige monitorização permanente, que poderia e deveria conduzir a respostas imediatas. Infelizmente, o governo mantém-se fechado em copas, o que é verdadeiramente inadmissível.

Agora, pressionado também por forças sindicais, o governo fez um ponto de situação em que proclamou “êxitos” fictícios. Que ninguém sente. Um insulto às dificuldades das pessoas. Uma gritante insensibilidade.

Chega de desculpas. Chega de encenações mediáticas. E chega, também, de ataques à oposição. Os Açorianos precisam de um combate efetivo ao desemprego e de fomento da empregabilidade.

O governo, definitivamente, tem de governar.