A crítica não é maledicência. Tem espírito construtivo.
Quem governa os Açores não gosta de ser criticado. Detesta. Confina as críticas ao terreno da oposição. Interessa, do ponto de vista estritamente partidário.
Para os socialistas, com exceção dos políticos que não frequentam as suas sedes, todos estão sintonizados com as suas opções. Ou são, até, seus fervorosos adeptos.
Mas não é isso que por aí se vê. Quando andamos pela rua, em qualquer freguesia, vila ou cidade destas nove ilhas. Nem, tampouco, é o que se assiste nas empresas. Em reflexões de quem detém responsabilidades de gestão, ou da parte dos colaboradores em geral, que sentem os seus empregos ameaçados pela situação crítica da economia açoriana.
Mas, essencialmente, não é o que sentem as famílias. Designadamente nas casas em que a ameaça se tornou realidade e o desemprego obriga a procurar alternativas à situação dramática que vivem. E estas são poucas, ou mesmo inexistentes, inviabilizando a capacidade de suprir as dificuldades e a satisfação das necessidades básicas de qualquer ser humano.
Depois de mais de 17 anos de governo, e em particular depois das medidas mais recentes, é fundamental fazer um meticuloso ponto de situação. É imprescindível proceder a uma clara reavaliação das políticas adotadas, com o objetivo de redefinir prioridades e medidas que possam inverter o percurso assustador da sociedade açoriana.
Está mais do que visto que as opções do governo de Vasco e Ávila são incapazes de inverter o rumo criado pelos governos anteriores, os de César.
Dessa forma têm também pensado diversas instituições da sociedade açoriana. Ligadas ao setor empresarial, mas também de âmbito sindical. Eis três exemplos recentes.
A Câmara do Comércio e Indústria dos Açores emitiu um comunicado em que manifestou ”preocupação com a grave situação económica e social da Região, que está a ter um profundo impacto nas famílias e nas empresas, apesar das medidas que o Governo Regional tem vindo a tomar e cuja eficácia deve ser reavaliada”.
Sensivelmente na mesma altura, a UGT-Açores, entendia que o desemprego de 21 mil Açorianos, “exige da parte dos parceiros sociais, dos poderes públicos, uma paragem de reflexão”. A CGTP-Açores referia que “o pacote de medidas destinado a combater o desemprego que foi anunciado pelo Governo Regional teve escassa concretização e quase nenhuns efeitos sobre a economia regional, como é comprovado pelos diversos indicadores”.
Estamos com quase ano e meio de Agenda para a Criação de Emprego e Competitividade Empresarial. O PSD/Açores deu acordo quanto à sua concretização, sendo agora manifesto o fracasso, perante os resultados que estão a ser obtidos. Designadamente com o desemprego a alastrar, quando deveriam observar-se melhorias. É, pois, tempo de avaliar o que não correu bem. E de corrigir.
O Governo Regional e os socialistas é que parecem assim não o entender. Perfeitamente insensíveis, teimam e acham que não vale a pena reavaliar. Continuam a dizer que são apenas críticas da oposição.
Mas essa teimosia tem um custo elevadíssimo. É irresponsável.
É o povo açoriano que fica penalizado!