Já perdi a conta à quantidade de “Planos” que o Governo dos Açores tem apresentado como solução para os problemas dos açorianos.
Há planos para tudo e quem vai estando atento quase sempre acaba por ver que não se conhecem consequências da sua eventual aplicação.
Depois, há os planos que nunca chegam a ser aplicados e nestes, geralmente, destacam-se planos que incidem sobre aspectos importantes da vida dos Açores e dos açorianos.
Lembro, por exemplo, o famoso PECA – Plano Estratégico para a Coesão dos Açores – que a única luz do dia que viu apagou-se com a sua apresentação.
Era um plano muito bonitinho, recheado de grandes preocupações com as assimetrias regionais e que iria dar um grande contributo para a coesão dos Açores.
Mas os anos foram passando e nem sequer se sabe o que fez desse plano o seu autor Sérgio Ávila, à data Vice-Presidente do Governo e hoje Presidente-vice do mesmo Governo.
Entretanto, as ilhas estão, cada vez mais, de costas voltadas. E pior do que isso, estão cada vez mais desiguais, com as mais pequenas cada vez mais desertas e envelhecidas e outras, que apesar de algum rejuvenescimento da população, estão com um crescendo de problemas sociais e económicos.
Se havia um “Plano Estratégico para a Coesão dos Açores” das duas uma: ou nunca foi aplicado ou, simplesmente, falhou em todos os seus objectivos.
O PECA era um dos mais importantes planos de estratégia de desenvolvimento dos Açores, das suas nove ilhas e das suas diferentes realidades. Com o seu fracasso não fracassou apenas Sérgio Ávila e o PS Açores, mas sim toda a política do Governo com o objectivo a que se tinha proposto.
Mas tal como desapareceu o PECA – e com ele a estratégia política de coesão dos Açores – aparece agora o PIT (Plano Integrado dos Transportes) que só perdeu a palavra “Açores” por uma questão de marketing político pois PITA seria um acrónimo muito susceptível a piadas de gosto duvidoso, tal como tinha sido o PECA que se associado a PITA podia trazer amargos de boca ou podia acabar em Plano Estratégico dos Transportes dos Açores – PETA!
O PIT nada tem de planeamento e o périplo do Secretário dos Transportes, pelas ilhas onde o tem apresentado, tem revelado a sua total desorientação em lidar com um dos assuntos que mais “mexe” com os açorianos – os transportes! Depois do PECA, o PIT seria a nova menina (salvo seja) dos olhos do PS Açores, mas tal como o PECA, o PIT não é mais do que uma estratégia de marketing eleitoral, para ir rendendo até 2016, acalentando sonhos de, um dia, os Açores terem entre as suas ilhas mobilidade de carga, passageiros e viaturas, funcionando como um verdadeiro mercado interno.
O PIT não tem prazos, não tem custos, logo não tem estratégia. E um “plano” sem estratégia é apenas um desorganizado de ideias.
Na Graciosa, segundo notícias, o PIT foi simplesmente ignorado e adaptado aos interesses políticos do momento de acordo com a estratégia eleitoral do PS. Prometeu-se um melhor futuro nos transportes, lá para 2016 claro!